IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA E DA ESCOLA PARA CRIANÇAS COM ALTAS HABILIDADES



Ana Cristina de Almeida Oliveira Pinheiro, Eclair de Oliveira Silva Santos, Maria Aparecida Honorato de Oliveira Nascimento, Miriam Martinez Alcará  

RESUMO:


 O Presente trabalho tem como objetivo contribuir para os professores, a reflexão sobre os alunos com altas habilidades que simultaneamente respeite as diferenças de aprendizagem individuais e promova oportunidades diversificadas, por meio do entrelace entre a educação comum e a educação especial. A seguir foram abordados aspectos familiares e ambientais que influenciam o surgimento das altas habilidades, das ações e reações da família e da escola diante do fenômeno das altas habilidades e enfatizou-se a importância da escola e família no desenvolvimento das altas habilidades, nas mudanças das políticas educacionais e no convívio social.



Palavras-chave: altas habilidade, inclusão, educação inclusiva;

INTRODUÇÃO


            O Conceito de “necessidades educacionais especiais” começou a ser empregado nos anos 60, mas inicialmente não foi capaz de modificar os esquemas vigentes na educação especial. (ALENCAR, FLEITH, 2001).
A inteligência considerada enquanto construto a ser definido e capacidade a ser medida, deixa, então de pertencer a um grupo específico de estudiosos que a vêem por uma perspectiva estritamente psicométrica (GARDNER, 1999). Dessa forma, avaliar o desenvolvimento do aluno em várias áreas e verificar a profundidade e complexidade de suas habilidades não compreende apenas a determinação de um fator quantitativo das áreas, normalmente, investigadas pelos testes de Q.I.
No Brasil, apesar de muitas dificuldades, algumas iniciativas importantes numa tentativa de prestar o devido atendimento aos alunos e suas famílias, através de programas específicos que contem com intervenções pedagógicas que levem em conta as peculiaridades e necessidades sócio-educacionais especiais apresentadas por estes alunos. Favorecer o desenvolvimento das habilidades superiores nos alunos tem atraído a atenção crescente, tanto por parte das autoridades responsáveis pela política educacional, como de educadores e pesquisadores de diversas áreas (Alencar e Fleith, 2001).
Para que estes atendimentos sejam possíveis, são necessárias algumas providências tais como a estruturação de avaliações cognitivas mais abrangentes e criteriosas dos alunos para identificar claramente suas habilidades nos mais diferentes domínios e trabalhar com alternativas mais motivadoras e compatíveis. A sistematização de procedimentos para a avaliação deve levar em conta todo o processo composto por avaliação; observação e acompanhamento não se atendo, apenas, ao resultado do rendimento escolar do aluno (SABATELLA, 1995)
As discussões não se restringem apenas ao valor dos testes de Q.I, mas sim aos critérios frente ao seu uso indiscriminado ou mesmo isolado (VIRGOLIM, 1997). Uma avaliação cognitiva deve levar em conta as competências dos alunos, bem como suas aspirações e realizações pessoais, também o seu meio sócio-familiar e suas características psicológica e educacional, integrando tais fatores como um meio de favorecer a devida elaboração de alternativas de intervenção pedagógica. (SABATELLA, 1995)
Vários estudos destacam a importância da família para a manifestação, desenvolvimento e reconhecimento de crianças com altas habilidades. O desenvolvimento de comportamentos de altas habilidades impõe novos desafios e demandas aos próprios indivíduos e seus familiares, que, em algumas ocasiões, não possuem o esclarecimento necessário para atendê-las (Alencar e Fleith, 2001).
A análise crítica poderá suscitar a realização de outras pesquisas sobre a participação da família no processo de desenvolvimento. Além disso, os esclarecimentos deste ensaio poderão auxiliar a elaboração e implementação de programas de atendimento a indivíduos com altas habilidades e suas respectivas famílias. (SABATELLA, 1995).
Assim, neste trabalho foi dado enfoque ao fenômeno das altas habilidades situando aspectos familiares e escolares que contribuem no desenvolvimento dessas habilidades, enfatizando fatores comportamentais.


Inclusão de pessoas com altas habilidades


O direito de toda criança à educação, consignado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (UNITED NATIONS, 1948), foi reiterado pela Declaração Mundial sobre Educação para Todos (UNESCO, 1990). Mais recentemente, com a Declaração Mundial de Salamanca (UNESCO, 1994), este direito também foi assegurado para um segmento escolar que, até então, era pouco considerado: trata-se dos alunos portadores de necessidades educacionais especiais (PNEE).
            No Brasil, um passo importante para assegurar o direito à educação sem exclusão para os PNEE se deu com a promulgação da lei n.º 9394/96 – Nova Lei de Diretrizes e Bases Nacional (LDB) (BRASIL, 1996). Em seu Artigo 4.º, a LDB determina que deve haver “atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino”, e, no seu Artigo 58.º, estabelece, também, que educação especial é “a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais”.
Nas últimas décadas e mais especificamente a partida Declaração de Salamanca, em 1994, a inclusão escolar de crianças com necessidades especiais no ensino regular tem sido tema de pesquisas e de eventos científicos, abordando-se desde os pressupostos teóricos político-filosóficos até formas de implementação das diretrizes estabelecidas na referida declaração. (GOFFREDO, 1992).
É importante ressaltar que crianças superdotadas em idade pré-escolar constituem um grupo heterogêneo em termos de interesses, níveis de habilidades, desenvolvimento emocional, social e físico (CLINE; SCHWARTZ, 1999).
A escola inclusiva parte do princípio de que todos os alunos podem conviver, aprender e participar da comunidade escolar e social. As diferenças são respeitadas e a diversidade é uma característica natural, que fortalece as relações e enriquece as experiências pedagógicas.a escola tem sido, ao longo dos anos, o espaço responsável pela transmissão de saberes e construção de conhecimento. Tem tido um papel importante de disseminação de cultura, troca de experiências e convivência social. Torna-se um reflexo da sociedade e interage com ela, ao influenciar mudanças de padrões culturais e promoção de novos paradigmas.
Goffredo (1992) e Manzini (1999) têm alertado para o fato de que a implantação da educação inclusiva tem encontrado limites e dificuldades, em virtude da falta de formação dos professores das classes regulares para atender às necessidades educativas especiais, além de infra-estrutura adequada e condições materiais para o trabalho pedagógico junto a estes alunos.
Para que os alunos com altas habilidades realmente sintam-se incluídos é necessário que tenham um atendimento ao nível dos desenvolvimentos reais que apresentam ou que teriam condições de acompanhar. Ou melhor, necessitam que hajam professores especializados para as salas de aulas regulares e/ou atendimento em salas de recursos especializados, ou ainda, atendidos em um programa de enriquecimento e aprofundamento curricular, a aceleração de estudos, ou mesmo a combinação desses. (FERREIRA, 2010)
A manifestação de altas habilidades estãol  igados a fatores genéticos que vem sendo estudada por diversos pesquisadores que buscam encontrar uma explicação para a existência de pessoas com habilidades acima da média. Entretanto nada foi comprovado a esse respeito, embora evidências mostrem que geralmente, ao se detectar uma criança com altas habilidades descobre-se que alguém da família bem próximo a ela também apresentava características de superdotado. Isso é um indício de que essas manifestações de altas habilidades têm ligações com fenômenos de ordem genética.
No meio sócio-educacional há diversos mitos sobre altas habilidades que, evidentemente, contrapõe-se à realidade desta condição ímpar do aluno como a grande especulação quanto à terminologia da palavra sobre a diferença entre termos como talentoso, habilidoso, bem dotado, gênio, prodígio entre outros.
Discussões que reforçam idéias equivocadas são comuns e pedem esclarecimentos para que as ações não sejam, também, pautadas em convicções distorcidas e, apesar do interesse de vários profissionais pelo tema para estudo e trabalho, os mitos persistem e contribuem erroneamente na viabilização de condições adequadas à sua educação (ALENCAR , FLEITH, 2001).
Apesar de a necessidade de preparação adequada dos agentes educacionais estarem preconizada na Declaração de Salamanca (Brasil, 1994) e na atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996) como fator fundamental para a mudança em direção às escolas integradoras, o que tem acontecido nos cursos de formação docente, em termos gerais, é a ênfase dada aos aspectos teóricos, com currículos distanciados da prática pedagógica, não proporcionando, por conseguinte, a capacitação necessária aos profissionais para o trabalho com essa diversidade de alunos (GLAT, MAGALHÃES, CARNEIRO, 1998).
Assim sendo, o objetivo da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, diz assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, orientando os sistemas de ensino para garantir: acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino; transversalidade da modalidade de educação especial desde a educação infantil até a educação superior; oferta do atendimento educacional especializado; formação de professores para os atendimentos educacionais especializados e demais profissionais da educação para a inclusão; participação da família e da comunidade; acessibilidade arquitetônica nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informação; e articulação inter-setorial na implementação das políticas públicas. (GLAT, MAGALHÃES, CARNEIRO, 1998).
Portanto, profissionais devidamente sintonizados com a questão e bem preparados para efetuar o levantamento dos aspectos com dados mais amplos, fazem-se imprescindíveis para o sucesso de um trabalho educacional direcionado e, devidamente, integrado com a proposta da escola e as necessidades das famílias, as quais nem sempre possuem condições sócio-econômicas para favorecer o desenvolvimento das habilidades potenciais, seja por falta de acesso à informação ou por descrédito quanto às capacidades das crianças. (BRASIL, 1996)
Aos profissionais da educação, cabe compreender que é função da Educação Especial comprometer-se com estas pessoas como um todo, ofertando serviços, capacitando profissionais, sensibilizando e incentivando-os em manter o olhar, também nas potencialidades, sendo capazes de criar alternativas viáveis ou discutir ações, todas desprovidas de falsas concepções.
Eis, ao contrário, algumas questões preocupantes em relação à integração/inclusão sócio-escolar hoje em dia: alunos com necessidades especiais que deveriam estar integrados/incluídos permanecem segregados ou excluídos em muitas regiões deste país; professores de classes especiais, mal preparados, provocando enormes prejuízos no atendimento de alunos com altas habilidades/superdotados; ignorância ou descaso quanto ao fato de que, nem todos os alunos com altas habilidades/superdotados são aptos para a integração/inclusão escolar regular; pois precisam de atendimento especializado; a desatenção do Sistema Educacional para com essa área da educação especial; o grau de atenção/participação da família, aspecto de grande relevância no tocante às questões de ordem inclusiva, mas que muitas vezes fica aquém do necessário.
 As crianças com altas habilidades são vistas como bagunceiros pois terminam suas tarefas e começam a atrapalhar quem esta fazendo pois elas sentem necessidade de algo a mais, e não podem ficar ociosos.

Altas Habilidades

Alunos com altas habilidades/superdotados não são sinônimo de modelos de inteligência ou personalidade por não apresentarem perfis homogêneos, mas apresentam características distintas nos primeiros cinco anos de vida, tais como, desenvolvimento físico precoce; aquisição precoce da linguagem; persistência na busca por informações; maior tempo de manutenção da atenção concentrada e vigilância; aprendizagem rápida e com instrução mínima; interesses expressivos em áreas específicas; reações muito intensas frente a ruídos; alto nível de energia (hipercinésia ou hiperatividade) (WINNER, 1998).
Quanto ao meio acadêmico e fatores sócio-emocionais, destaca ainda Winner (1998) que a leitura precoce com instrução mínima; grande envolvimento com números e relações numéricas; memória aguçada para informações verbais e/ou matemáticas; facilidade quanto ao raciocínio lógico e abstrato; preferência por amigos mais velhos, compatíveis quanto aos interesses; interesses por problemas filosóficos, morais, políticos e humanitários; geralmente apresentam disparidade quanto ao desenvolvimento das áreas intelectual, lingüística, perceptual e psicomotora.
Devido à diversidade de características apresentadas por estes alunos, todos os recursos disponíveis devem ser utilizados na sua identificação sem deixar de observar, inclusive, àqueles que não se enquadram nos padrões pré-concebidos ou em noções inverídicas sobre o tema (SABATELLA. 1995).
“A tendência a apresentar dificuldades em seu relacionamento social ocorre, especialmente quando não têm em seu meio, outras pessoas semelhantes” (SABATELLA, 1995).
Apesar das peculiaridades quanto à sua vida social em relação à faixa etária, não pode-se presumir que isso os torne infelizes ou inadaptados, pois elas fazem parte de um todo que não vão se refletir em sucesso ou insucesso pessoais, acadêmicos e, até mesmo, profissionais.
Este conceito atribui aos Portadores de Altas Habilidades um conjunto constante de características que se mantém estáveis ao longo de suas vidas. Habilidade acima da média, alta criatividade e um grande envolvimento com as tarefas, ou seja uma alta motivação. Estes grupos se entrelaçam entre si e precisa haver uma interseção destes três "anéis" para que se possa afirmar que alguém é portador de altas habilidades.(NICOLOSO E FREITAS,2002).
Altas habilidades é uma área muito nova da educação especial no Brasil, mas diversas dificuldades como falta de recursos governamentais e, até a carência de pesquisas para promover e disseminar estes conhecimentos a todas as áreas da sociedade, também a falta de investimentos põe em risco as, poucas, iniciativas em curso e empobrece todo o processo educacional brasileiro, bem como os avanços tecnológicos e culturais do país. (SABATELA, 1995).
A educação de alunos com altas habilidades no Brasil, apesar de diversas dificuldades, tem conseguido contar com algumas iniciativas importantes, numa tentativa de prestar o devido atendimento aos alunos e às suas respectivas famílias, através de programas específicos que contemplem intervenções pedagógicas diferenciadas, considerando as peculiaridades e as necessidades sócio-educacionais especiais apresentadas pelos mesmos. Dar condições mais adequadas ao desenvolvimento das habilidades superiores dos alunos tem atraído uma atenção crescente tanto por parte de autoridades responsáveis pela política educacional, como de educadores e pesquisadores de diversas áreas (ALENCAR; FLEITH, 2001).
Portanto, profissionais da educação mais preparados para levantar aspectos e dados mais amplos sobre seus alunos é fundamental na elaboração de um trabalho educacional direcionado e específico quanto à proposta da escola e a necessidade das famílias. (SABATELA, 1995).
Famílias estas que, nem sempre, têm condições de acompanhar ou favorecer da forma correta e necessária, o desenvolvimento destas potencialidades, seja por falta de acesso às informações ou, em função disso, o descrédito frente às reais capacidades das crianças. Cabe aos profissionais da educação entender que é trabalho da educação especial comprometer-se com estas pessoas e não somente com suas dificuldades e/ou limitações, mas ofertando serviços e capacitando os profissionais, sensibilizando-os e os incentivando à percepção das potencialidades, para criarem alternativas ou discutir ações desprovidas de falsas concepções. (SABATELA, 1995).
A distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determina através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes (VYGOTSKY, 1995).
Por se tratar de um tema ainda desconhecido, diversos mitos rondam de forma equivocada os alunos superdotados o que pode e prejudica as ações dos profissionais de ensino acabam sendo pautadas em convicções distorcidas. Até mesmo quanto aos termos talentoso, habilidoso, bem dotado, gênio, prodígio entre outros. Em se tratando da vida social, as escolhas incomuns dos alunos com altas habilidades e quanto aos grupos etários ou a diversidade de interesses podem ser entendidas na medida em que suas aspirações e o desejo de realização sejam respeitados e cuidadosamente orientados para se evitar a banalização do seu potencial. (Alencar, 1999)
Por sua condição ímpar, é comum apresentarem dificuldades nos relacionamentos sociais especialmente se não houver outros na mesma condição no meio em que vivem. Porém, é um erro constatar que eles sejam infelizes ou inadaptados, pois isto em nada vai lhe garantir sucesso ou insucesso pessoal, acadêmico ou profissional. Para tanto, a proposta pedagógica das escolas deve contemplar as diferenças entre seus alunos para lhes inserir em um contexto social sóbrio para que os alunos não utilizem sua capacidade de forma destrutiva, pois suas habilidades serão utilizadas de acordo com os desafios ou condições que fizerem parte do seu quotidiano acadêmico, familiar ou social. (VYGOTSKY, 1994)
Foi descoberto por pesquisadores que as crianças academicamente com altas habilidades, podem apresentar desempenho abaixo da sua capacidade quer seja por falta de desafios ou para não se sentirem excluídas pelos professores ou seus colegas. Portanto, a escola que apresenta um programa de incentivo desafiador bem estruturado, pode fomentar melhoras significativas aos alunos com altas habilidades. (PIAGET, 1996)
Frente ao apresentado, pode-se concluir que os estereótipos de óculos, corpo franzino e comportamento discreto, não condizem com a realidade, pois muitos alunos superdotados podem apresentar comportamento arredio ou, erroneamente, denominado hiperativo devido à falta de interesse nos subdesafios que lhes são apresentados. Os professores e a escola devem estar atentos a todos os sinais apresentados e, principalmente, preparados para dar todo o suporte e incentivo ao desenvolvimento das altas habilidades destes alunos para que eles não se sintam excluídos do contexto social e acadêmico. (Alencar, 1999)
Com isso a família, o sistema escolar também é afetado pelo baixo rendimento escolar do aluno e tentará dar as respostas de diferentes tipos: expulsões da escola, aulas de recuperação e entre outros. Ao invés disto a escola quanto a família deveriam tentar mudanças que lhes permitissem responder adequadamente, no sentido de ajudar a criança e evitar maiores dificuldades, crises e stress. Os pais diante das dificuldades dos filhos apresentam sentimentos distintos, como confusão, frustração, raiva, crítica, culpa e intolerância.

O Papel da família e da escola

Ao pensar sobre o processo de escolarização de alunos com necessidades educacionais especiais, torna-se relevante pensar melhor sobre as relações familiares nesse processo, pois suas ações contribuem de forma decisiva na trajetória escolar do filho.
Enquanto grupo social primário, a família é responsável pela formação do indivíduo, e as relações estabelecidas nesse contexto, são determinantes no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social de seus membros, na forma como convivem e interagem na sociedade, mesmo na idade adulta (GLAT, 2004).
As famílias junto com a escola formam uma equipe. É primordial que ambas sigam os mesmos princípios e critérios, bem como a mesma direção em relação aos objetivos que desejam atingir.
Ressalta-se que mesmo tendo objetivos em comum, cada uma deve fazer sua parte para que atinja o caminho do sucesso, que visa conduzir crianças e jovens a um futuro melhor. 
O ideal é que família e escola tracem as mesmas metas de forma simultânea, propiciando ao aluno uma segurança na aprendizagem e de forma que venha criar cidadãos críticos capazes de enfrentar a complexidade de situações que surgem na sociedade. (NICOLOSO, 2002).
Existem diversas contribuições que tanto a família quanto a escola podem oferecer, propiciando o desenvolvimento pleno respectivamente dos seus filhos e alunos. (NICOLOSO, 2002).
Hoje o contexto escolar tem se inserido cada vez mais cedo na vida das crianças. Por isso, é importante que família e escola atuem em parceria, onde seus papéis fiquem bem delimitados quanto à educação da criança/família/escola.  (NICOLOSO, 2002).
Especialistas consideram uma injustiça educar os filhos da mesma forma, uma vez que cada um é diferente.  Quanto à idade certa para se estabelecer limites para os filhos, outra pergunta bastante comum, especialistas afirmam que é desde o nascimento. (Alencar, 1999).
            È importante destacar que as famílias de alunos com altas habilidades devem empregar-se muito esforços no inicio da vida de seus filhos. Nesse período principalmente as mães devem se envolver “por inteiro” buscando alternativas para enfrentar as dificuldades que irão surgindo dia a dia, sobretudo precisam ser persistente durante o período de adaptação escolar de seus filhos, portanto,“ o sucesso e o ou insucesso dos outros inumeráveis papeis que vamos exercer ao longo de nossa história dependerão, em grande parte, do sucesso ou do insucesso de nossas relações dentro do sistema familiar” (BORDIGNON, 2006).
Observa-se a importância do papel da família na identificação e desenvolvimento das altas habilidades. A família, incentivando em casa, estimulando as necessidades específicas. “Sem estímulos, uma criança com altas habilidades vai perdendo aos poucos seu diferencial e termina por se igualar às demais”, afirma a psicóloga Marsyl Mettrau, presidente da Associação Brasileira de Altas habilidades.
Foi visto também que, não só a genética é responsável pela altas habilidades,  mas o papel do ambiente é essencial para o desenvolvimento desses talentos. 
É recomendável que cada professor reflita a respeito do que poderia fazer no sentido de operacionalizar esses objetivos em sua prática docente, ajudar o aluno a desenvolver ao máximo os seus talentos e habilidades, fortalecer um autoconceito positivo, propiciando experiências de sucesso para todos os alunos e fazendo com que o alunos perceba os seus "pontos fortes" ajudar o aluno a desenvolver bons hábitos de estudo, incrementar a motivação do aluno, utilizando estratégias diversas para despertar e alimentar o interesse, e mesmo a expansão dos interesses do aluno, respeitar o ritmo de aprendizagem do aluno, incrementar um clima de aprendizagem que faça com que o aluno se sinta valorizado, respeitado e estimulado a dar o melhor se si, priorizar também a dimensão afetiva (sentimentos e valores) além de contribuir para o desenvolvimento social do aluno e a educação do caráter. (RENZULLI, REIS, 2000).
O ambiente motivador para estudos no seio da família é essencial para o desenvolvimento do talento independente do nível sócio-econômico ou cultural dos pais. A estimulação dos pais no desenvolvimento dos talentos dos filhos favorece-lhes a escolha profissional no futuro. A autora acrescenta que educar é tarefa que exige envolvimento e compromisso. (GUENTHER, 2000)
Os pais devem interagir com os filhos desde o nascimento, provendo um ambiente de segurança para o crescimento da criança, oferecendo oportunidades para a aprendizagem, favorecendo a vivência de uma série de experiência que aumentem a motivação das crianças, fornecendo materiais pedagógicos e instrução de alto nível e produção criativa, incluindo boas relações com a escola, oferecendo liberdade emocional e materiais para jogar e experimentar, estimulando o pensamento criativo das crianças, adquirindo habilidades pedagógicas para desenvolver os potenciais gerais e específicos das crianças, começando pelo próprio idioma da criança e pela cultura familiar e procurando desenvolver sensibilidade para os talentos de crianças muito pequenas (FREEMAN, 2000, APUD DELOU, 2007).
Com parcerias mais efetivas entre a escola e a família, as propostas de inclusão poderão ser mais complementadas, além de exigir-se que haja investimentos e recursos públicos adequados e consistentes para a educação que buscamos para o atendimento adequado às pessoas com necessidades especiais! Assim pode-se dizer que a família é fundamental na vida de uma criança pois a mesma precisa ser tratada como uma criança normal e não ser tachado como aluno problema. (FREEMAN, 2000)

  
 CONSIDERAÇOES FINAIS


O conceito de altas habilidades evoluiu historicamente de uma concepção, limitada a aptidões cognitivas e avaliação psicométrica para uma compreensão multidimensional. Embora a literatura especializada não se alicerce em um conceito uniforme existe um consenso quanto à sua ampliação. Os níveis elevados de cognição e desempenho em uma área ou mais de conhecimento comuns às várias concepções, também o reconhecimento da importância para o desenvolvimento do talento.
Embora questões sociais e emocionais traduzidas na forma de dificuldades de ajustamento escolar dos alunos com altas habilidades ou com potencial intelectual superior estejam presentes em todas as discussões que se pretenda abordar, a temática da educação dos alunos com altas habilidades são alunos que passam por situações escolares em que não se sentem compreendidos e não se encontram em ambiente adequado ao desenvolvimento de suas habilidades e potencial superior o que é uma contradição, a escola é um lugar da construção de conhecimento por excelência e deveria ser para a excelência escolar.
São alunos que se sentem pouco apoiados pela escola, desacreditados por seus professores que desvalorizam as práticas escolares de aprendizagem com esse alunos praticados e solitários em relação aos seus pais, que no caso das escolas publicas, vivem em uma longa crise de predominante fracasso escolar, muitas entram em uma espiral de desapontamento, passando a rejeitar a instituição escola e /ou a duvidar de suas próprias habilidades e mesmo seu valor como pessoa e muitas lidam com esta questão com isolamento ou agressividade.
Resolver questões sociais, emocionais e de ajustamento escolar de alunos com altas habilidades envolve decisões e ações nos âmbitos da família e da escola de forma integrada e inclusiva. Integrada porque a família deve encontrar na escola o lugar de construção, de enriquecimento, de aprofundamento e, quem sabe, de aceleração de saberes e fazeres ao nível do desenvolvimento real do aluno e inclusiva porque estas alternativas devem estar previstas no projeto pedagógico da escola disponível para todos os alunos, apoiados num projeto coletivo de ação continuada que irá, gradativamente, preparar o professor para trabalhar com uma pedagogia diferenciada.


Referências Bibliográficas

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GLAT, R., MAGALHÃES, E. & CARNEIRO, R. (1998). Capacitação de professores: primeiro passo para uma educação inclusiva. Em M. Marquenzine (Org.), Perspectivas multidisciplinares em educação especial (pp. 373-378). Londrina: Ed. UEL.
ALENCAR, E. M. L. S; FLEITH, D. S. Superdotados: determinantes, educação e ajustamento. São Paulo:
EPU, 2001, BRASIL, Ministério da educação. Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008.
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BULKOOL, M. P.; SOUZA, C. C. P. de. Os portadores de altas habilidades: a importância da família. In: Metrau, M. B. (Org.). Inteligência: patrimônio social. Rio de Janeiro: Dunya, 2000. p. 56-66.
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FERREIRA, Andréia da Silva. A Avaliação dos Processos Cognitivos através de Testes Psicológicos e Indicadores neurofisiológicos. In: Congresso internacional sobre altas habilidades, I, 2010, Curitiba. Anais. Curitiba: Conbrasd; ufpr, 2010.

GUENTHER, Zenita Cunha. Desenvolver Capacidades e Talentos: um conceito de inclusão, 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
FREEMAN,J. ;GUENTHER, Z. C. Educando os mais capazes. SP: EPU, 2000
GUENTHER, Z. C. Desenvolver capacidades e talentos: um conceito de inclusão.
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RENZULLI, J. S. The Enrichment Triad Model. Wetherfield, Conn: Creative Learning Press, 2000.

Postado por: E.M.S.Neves


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