BRINCADEIRA
SIMBÓLICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Eclair de Oliveira Silva Santos, Maria Aparecida Honorato de Oliveira Nascimento,
Miriam Martinez Alcará
RESUMO
O presente trabalho é uma
atividade psicológica de grande complexidade, pois trata-se, de uma atividade
lúdica que desencadeia o uso da imaginação criadora pela impossibilidade de
satisfação imediata de desejos por parte da criança. Essa atividade enriquece a
identidade da criança, porque ela experimenta outra forma de ser e de pensar;
amplia suas concepções sobre as coisas e as pessoas, porque a faz desempenhar
vários papéis sociais ao representar diferentes personagens. A capacidade de
encontrar formas de encaminhar o que se quer pode ser conquistada numa situação
lúdica: ao exercitar nos jogos a habilidade de lidar com os sentimentos que
eles despertam e com os desafios, busca-se competência para administrar
situações cotidianas com eficácia.
Palavras-chave: atividade lúdica; jogo simbólico e faz-de-conta
Este estudo pretendeu apresentar uma reflexão sobre a importância das brincadeiras
para o desenvolvimento das crianças na educação infantil, particularmente o
jogo simbólico já que ele está presente, principalmente, nos primeiros anos da
infância e sua função lúdica, é considerada muito importante nessa fase de vida
por muitos estudiosos de infância e de educação.
Segundo Piaget, (1896-1980) a função lúdica "consiste em satisfazer
o eu por meio de uma transformação do real em função dos desejos", ou
seja, tem como função assimilar a realidade.
Por isso é importante ressaltar que esta função lúdica é mais importante
a partir das observações realizadas. Nas salas de aula durante o estágio, pude
notar que nas classes onde as crianças brincam com maior freqüência existe um
processo ensino-aprendizagem mais prazeroso e harmonioso, apresentando assim,
avanços significativos no cognitivo.
Assim, pesquisando e buscando referências teóricas e vivenciando
situações lúdicas que envolvem o jogo simbólico, considerado essencial para o
desenvolvimento da criança, pois ele auxilia em sua interação com o outro,
permitindo assim que a criança expresse suas emoções e percepções em relação ao
mundo, estimulando seu sentimento psicomotor, cognitivo, emocional, social e
cultural. Pude buscar resposta para inquietações que me perseguiam e logo mais
a diante serão tratadas com cientificidade.
Ocorre que o jogo simbólico que acontece por meio da brincadeira infantil
é a representação corporal do imaginário, e, apesar de nele predominar a
fantasia, a atividade psicomotora exercida, acaba por prender a criança à
realidade. Na sua imaginação a criança pode modificar sua vontade, usando o
"faz de conta", mas quando expressa corporalmente as atividades, ela
precisa respeitar a realidade concreta e as relações do mundo real.
Imitar
consiste para Piaget (1990) em reproduzir um objeto na presença do mesmo. È um
processo de assimilação funcional, quando o exercício ocorre pelo simples
prazer. A essa modalidade especial do jogo, Piaget denominou de jogo de
exercício em suas
Considerando que a alfabetização é um processo de aprendizagem que marca
toda uma vida, já que é a partir deste processo que o ser humano começa a
enxergar o mundo e descobrir novas coisas, pois neste processo que o pensamento
e nele a imaginação afloram num mundo de palavras, nota-se que algo tão
importante e profundo, deve ser ensinado de forma compromissada e consciente,
não só porque somos professores, mas porque somos educadores.
Para que se possa entender o processo de alfabetização esta pesquisa
buscou confrontar diferentes visões entre as abordagens, empirista e
construtivista no sentido de compreender seus objetivos e realizações.
Trata-se de uma pesquisa
comparativa e bibliográfica, através de referências que tem contribuído para a
educação no Brasil e no mundo. Entre eles estão: Piaget, Emília Ferreiro, Paulo
Freire entre outros grandes nomes da educação.
As ideias
sobre educação, aprendizagem e crianças até o início do século XX eram bastante
primárias. Supunha-se que as crianças e os adultos eram basicamente iguais em
sua estrutura cognitiva, o que os diferenciava era o grau de superioridade
mental dos adultos. Superioridade essa, explicável, assim como a superioridade
física apresentada pelos adultos em detrimento às crianças.
O empirismo ou pedagogia tradicional é uma proposta de educação centrada
no professor, cuja função define-se por vigiar os alunos, aconselhá-los,
ensinar a matéria e corrigi-la. A metodologia decorrente de tal concepção tem
como princípio, a transmissão dos conhecimentos, por meio da aula
frequentemente expositiva, numa sequência predeterminada e fixa, enfatizando a
repetição de exercícios com exigências de memorização.
Nesta concepção valoriza-se o conteúdo livresco e quantitativo e
compreende-se o professor como o detentor do saber, já que é ele quem fala,
enquanto o aluno ouve para decorar e aprende. Críticos desta abordagem garantem
que ela não propicia ao sujeito que aprende um papel ativo na construção dessa
aprendizagem, que é aceita como vinda de fora para dentro e ainda, não leva em
consideração o que a criança aprende fora da escola, seus esforços espontâneos
e a construção coletiva.
No processo de alfabetização, esta visão de aprendizagem, apóia-se,
principalmente, nas técnicas para codificar e decodificar a escrita, e, a
escrita espontânea da criança em fase de alfabetização não é levada em conta,
porque a cartilha sequencialmente seguida é considerada a base do processo de
alfabetização.
O empirismo utiliza-se do método
fônico ou sintético para alfabetizar. Assim sendo acredita-se que a aquisição
da linguagem é um processo mecânico, ou seja, a criança será sempre estimulada
a repetir sons que absorve do ambiente. Então, a linguagem é considerada a
formação do hábito de imitar um modelo sonoro e os usos e funções da linguagem,
neste caso, são descartadas por se tratarem de elementos não observáveis pelos
métodos utilizados por essa teoria, dando-se importância à forma e não ao
significado.
De acordo com esse pensamento, o significado não é levado em consideração
como uma necessidade na vida da criança antes que ela dominasse a relação, já
descrita, entre fonema e grafema e a escrita, serviriam apenas para representar
graficamente a fala. Assim, a função seria precedida pela forma e as normas
viriam dos autores das cartilhas, como se esses fossem os detentores do
significado, sobrepondo-se ao leitor. Além disto, o texto serviria somente para
ser destrinchado, absorvendo aquele significado cristalizado, contido nele, e o
erro visto com elevada severidade.
Com relação à prática, observa-se que os mestres que acreditam nesta
propositura decidem como e quando as crianças devem aprender e cabe a ele
ensinar os padrões regulares, considerados mais fáceis, passando para os
irregulares, considerados mais difíceis, supondo que a criança deva dominar o
modo correto, levando-se em consideração a variedade linguística.
O construtivismo é uma teoria psicológica, utilizada hoje a serviço da
educação, embora muitos afirmem equivocadamente, se tratar de uma corrente
pedagógica ou uma metodologia. A teoria Construtivista tem seu berço nos
estudos do renomado biólogo e teórico suíço, Jean Piaget.
Piaget (1981) um dos pioneiros na mudança das concepções sobre
aprendizagem do século XX ao lançar um novo olhar sobre a criança e em seu
processo de desenvolvimento e aprendizagem seus estudos mudou o rumo da
educação e contribuiu para muitas, das possibilidades educativas que conhecemos
hoje.
De acordo com Piaget (1981), a teoria do desenvolvimento cognitivo é uma
teoria organizada, a partir de etapas, em que o ser humano é estruturado e
previsível e que possui seu desenvolvimento, constituído por uma série de
mudanças ordenadas.
Para ele, o conhecimento, é uma construção progressiva de estruturas
lógicas que vão sendo suplantadas por outras estruturas lógicas mais complexas
e mais poderosas até a idade adulta.
A criança em momento algum é um ser estanque e meramente influenciável,
ou reduzido à condição de um adulto em miniatura. Antes ,
a criança é um ser que age e interage com objetos e pessoas desde muito cedo.
Assim a lógica infantil e os seus modos de pensar são inteiramente diferentes
dos adultos.
O ser humano deixa de ser considerado como um ser passivo passando a
moldar o mundo em que vive. O conhecimento não é inato, mas resulta da
interação do organismo com o meio.
O construtivismo dá grande valor à interação entre as crianças, pois o
contato social pode transformar nossa forma de agir, pensar e consequentemente
construir conhecimentos, mudando nossa visão de mundo.
Essa teoria não acredita em um conhecimento pronto, que é entregue à
criança como na pedagogia tradicional, que vê na transmissão dos saberes
socialmente acumulados a chave da aprendizagem, para o construtivismo, mais
importante que aprender é aprender a aprender, é construir o conhecimento.
Aceitar a realidade dos processos de assimilação
implica também em aceitar que a aprendizagem começa do zero; o estudo
pormenorizado do que a criança traz consigo - sua bagagem de esquemas
interpretativos - antes de iniciar o processo de escolarização é essencial -
dentro desta perspectiva - para saber sobre que bases será possível estimar que
tal ou qual informação será fácil, difícil ou impossível de ser assimilado pela
criança. (FERREIRO,1998, p.69)
A construção do conhecimento não deve ser apenas uma propaganda ou um
referencial distante quando tratamos sobre o construtivismo, deve ser uma
realidade. A construção do conhecimento só ocorre quando há uma compreensão
real da teoria e a execução de uma prática comprometida.
Podemos então compreender o construtivismo como uma teoria, que vem sendo
utilizada na educação e possui como foco central a criança e o conhecimento que
é desenvolvido por ela ao longo de seu desenvolvimento, através de suas
relações e interações com o meio e com outras pessoas.
A sala de aula tipicamente construtivista é um lugar onde a construção do
conhecimento é privilegiada e isso não pode ser feito através de livros
seculares, computadores de última geração ou fórmulas de ensino. É o professor
quem cria um ambiente construtivista.
O professor construtivista é aquele que sabe utilizar os conhecimentos
prévios dos alunos, aquele que busca mais de uma maneira de solucionar uma
mesma situação-problema e o faz com a ajuda daqueles a quem ensina. É um
docente competente e capacitado, que sabe falar, mas sabe ainda mais, ouvir e
mediar à aprendizagem.
Para ser um professor construtivista não basta apenas querer sê-lo, se
faz necessária uma preparação constante, atualizações, inovações, uma busca
voraz por novas maneiras de enxergar a aprendizagem e o conhecimento.
A alfabetização nesta lógica
consiste no aprendizado do alfabeto e de sua utilização como código de
comunicação. De um modo mais abrangente, a alfabetização é definida como um
processo no qual o indivíduo constrói a gramática e em suas variações.
Entretanto, diferente da pedagogia tradicional este processo não se resume
apenas na aquisição dessas habilidades mecânicas (codificação e decodificação)
presentes no ato de ler, mas na capacidade de interpretar, compreender,
criticar, resignificar e produzir conhecimento. Portanto, a alfabetização
envolve também o desenvolvimento de novas formas de compreensão e uso da
linguagem de uma maneira geral.
A
alfabetização de uma criança vai além da prática da leitura e escrita. Exigi-
se do alfabeto um universo de conhecimentos, uma pluralidade de conhecimentos,
atitudes e valores que permita com que o aluno compreenda o agir no mundo. O
aprender da criança, na postura de acordo com o construtivismo, acontece a
partir das potencialidades dos alunos, na interação com os outros e com o seu
meio social. Muitas vezes o processo de aprendizagem da criança está reduzido à
língua materna, mas é preciso considerar que na construção do conhecimento há
um campo muito amplo de conhecimentos que vai muito além da língua, como o
desenvolvimento científico, matemático, moral e social, mas isso só acontecerá
em um ambiente que favoreça o desenvolvimento cognitivo, afetivo- emocional,
psicomotor, criativo, através da interação dos alunos com o meio, com as
pessoas e com os objetos do conhecimento.
Independente
de seu convívio social e cultural anterior, todas as crianças chegam à escola
falando a língua materna, algumas com mais contato à palavra falada, lida,
cantada e outras com menos, ou com nenhum contato, sendo assim, possuindo
algumas limitações e restrições. Então cabe ao professor alfabetizador
continuar este processo, solidificar e organizar as experiências linguísticas,
quanto mais rico for o vocabulário da criança, mais de presa ela se achegara a
leitura e a escrita, mas o professor deve proporcionar aos alunos contado com
textos ilustrados, desenhos. Os professores alfabetizadores não podem
desconhecer a natureza do conhecimento infantil ou como ela se processa, pois
são dados importantes para a eficácia no processo de alfabetização.
Assim, acredita-se que a alfabetização de um indivíduo promove sua
socialização, já que possibilita o
estabelecimento de novos tipos de trocas simbólicas com outros indivíduos,
acesso a bens culturais e as facilidades oferecidas pelas instituições sociais,
configurando-se em fator propulsor do exercício consciente da cidadania e do
desenvolvimento da sociedade como um todo.
No entanto, para que a alfabetização se constitua em um projeto real, é
necessário ter um professor mediador, consciente deste processo de ensino e
aprendizagem.
...o que há de
fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador. Se se
respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio
à formação moral do educando. Educar é substantivamente formar. (FREIRE, 1996,
p.33)
Para
Emília Ferreiro (1999) a aprendizagem da língua escrita é a construção de um
sistema de representação, para ela alfabetizar é construir conhecimento.
Através de suas pesquisas podemos ver o caminho percorrido pela humanidade:
Pictográfica:
forma de escrita mais antiga, os objetos eram desenhados;
Ideográfica:
uso de sinais (símbolos) para representar uma palavra ou conceitos;
Logográfica:
escrita através de desenhos refere- se ao nome dos objetos e não ao objeto em
si.
Os
alfabetizadores devem identificar as necessidades de seus alunos, através desta
identificação será necessário programar uma ação de intervenção no aprender dos
alunos. As crianças chegam à escola com níveis diferentes de aprendizado,
diante deste fato que encontramos na sala de aula, antes de ser iniciado um
projeto de alfabetização, será necessário conhecer cada criança em sua
particularidade, para que isso ocorra o alfabetizador realizará um diagnóstico
que possibilite a visão das limitações, possibilidades, conhecimento,
habilidades e aprendizado construído por cada aluno. Facilitando assim a
elaboração de propostas didáticas que irão atender a cada aluno no seu processo
de desenvolvimento e aprendizado de todas as áreas de conhecimento. É
necessário conhecer o que cada criança já aprendeu em suas experiências
vividas, só a partir deste conhecimento que será possível desenvolver um
projeto em que possam ser oferecidas atividades que permitam o pensamento e o
aprendizado. Cabe ao educador construir uma ponte que gere conhecimentos reais
ao quais as crianças possam transitar pela mesma, alcançando os objetivos
propostos e se desenvolvendo plenamente em suas faculdades mentais.
A aprendizagem da língua materna quer escrita,
quer oral é um processo permanente, nunca interrompido. A diferença entre
processo de aquisição da língua (oral e escrita) de um processo de
desenvolvimento da língua é que este último nunca se interrompe.
Conhecendo
e considerando os conhecimentos prévios dos alunos, é possível organizar
situações de aprendizagem que sejam significativas, mas para que isso ocorra o
alfabetizador deve propor situações em que o aluno possa utilizar suas ideias,
valorizando suas ações espontâneas, como: desenhos, imitações, faz-de-conta, as
histórias. Ceder espaço para expor suas experiências, estimulando a construção
do real a partir do social favorecendo a utilização de noções temporais, abrir
espaço na sala de aula para o cantinho da leitura, criando a possibilidade de
interpretação e dramatização.
Na
questão das duplas produtivas, a enturmação de alunos numa classe de
alfabetização é muito importante, a prática de sorteio neste caso não é eficaz,
pois muitos professores não conseguem trabalhar com quatro ou cinco níveis
diferentes de alunos dentro da sala de aula, ou salas superlotadas, tornando
assim um trabalho árduo e cansativo, consequentemente não obtendo o progresso
dos alunos. As duplas produtivas devem estar de acordo com níveis conceituais
próximos do ponto de vista cognitivo e pedagógico. Quanto às hipóteses de ler e
escrever que são: níveis pré-silábico, silábico, silábico sem valor sonoro,
silábico com valor sonoro, silábico alfabético e alfabético.
Na hipótese pré-silábica observa-se a presença
de produções gráficas em que não existe correspondência entre a grafia e o som.
A criança nessa fase não demonstra preocupação em diferenciar critérios para
suas produções, que se constroem a partir de traços idênticos, garatujas ou
grafismos primitivos. Não se percebe tampouco controle da quantidade de letras
utilizadas para representar o que se quer escrever. Portanto, a criança não se
utiliza de uma palavra escrita para simbolizar graficamente um objeto. Também é
nessa fase que se observam as ocorrências do realismo nominal, quando, por
exemplo, a criança usa muitas letras para simbolizar objetos grandes e poucas
para pequenos, demonstrando assim sua hipótese na qual a representação gráfica
de um objeto está diretamente relacionada a um de seus atributos.
Na hipótese silábica se delimita quando a
criança percebe que é possível representar graficamente a linguagem oral. Ela
faz então várias tentativas para estabelecer uma relação entre a produção oral
e a produção gráfica, entre o som e a grafia. E começa, com essas tentativas, a
relacionar o que escreve com as sílabas das palavras faladas que deseja
representar. Entretanto, com seu conhecimento prévio sobre o material escrito,
utiliza-se de letras que podem não representar os respectivos sons. Ela percebe
nessa fase que pode escrever tudo o que deseja, mesmo que aquilo que expressa
graficamente não possa ser decifrado por outras pessoas. Também nessa fase,
pode aceitar relutante o fato de escrever palavras menores com poucas letras ou
ainda pode se usar, ao escrever uma frase, uma letra somente para uma palavra
inteira.
Na
hipótese silábico-alfabética se estabelece mais firmemente sobre sua percepção
da relação entre a grafia e o som. Ela já consegue aceitar que a sílaba é
composta de letras que devem ser representadas distintamente, e se torna capaz
de perceber outras características da comunicação gráfica, tais como as
diferenças entre letras, sílabas, palavras e frases, ainda que ela falhe nessas
representações.
Na
hipótese alfabética já está firme a questão das palavras, frases, e textos,
podendo ocorrer erros de ortografia, mas que com a prática e intervenção será
corrigido com facilidade.
Durante
o processo de desenvolvimento e aprendizado os alunos devem ser avaliados para
que as duplas produtivas possam ser montadas com eficiência, pois os alunos
devem ser colocados em grupos nos quais ele possa acompanhar o processo de
desenvolvimento, avançando com sucesso em sua experiência escolar. As duplas
podem ser montadas da seguinte forma:
- Crianças pré-silábicas
com crianças silábicas sem valor sonoro;
- Crianças silábicas com
valor sonoro com crianças silábico-alfabético;
- Crianças alfabéticas com
crianças alfabéticas ortográficas.
Muitos
educadores já podem acreditar que é possível trabalhar com alunos em diferentes
níveis em uma mesma sala de aula.
A
criança passa por um longo caminho que começa na indiferença entre textos e
imagens, passando pelas hipóteses até a leitura propriamente dita. Ferreiro,
considera que a questão da escrita e da leitura nas classes de alfabetização,
tanto na educação infantil, como nas classes iniciais do primeiro ciclo do
Ensino Fundamental como indiscutível, a criança começa a questionar sobre a escrita
a partir do momento em que começam a interagir com livros, revistas pela
primeira vez, desde suas interações com o mundo e suas primeiras construções
representativas a partir do lúdico.
Ferreiro
mostra a necessidade de mudança na prática pedagógica em seus escritos, para
ela é preciso uma mudança total na aprendizagem, do sujeito que aprende. Trata-
se em entender o processo que as crianças estão vivendo, sempre ajudando, para
que o diálogo entre professor e aluno não seja destruído. O importante é compreender
o desenvolvimento das idéias da criança sobre a escrita como um processo
evolutivo.
De
acordo com Emília Ferreiro:
Foi graças à teoria de Piaget que pudemos tentar uma aproximação
diferente a um tema que mereceu uma literatura por demais abundante; foi graças
a essa teoria que pudemos descobrir um processo de construção afetivo e uma
originalidade nas concepções que nós adultos ignorávamos. (FERREIRO, TEBEROSKY,
1999, p.29)
Segundo
Piaget a construção do conhecimento não acontece de forma espontânea e tão
pouco mecanizada, é fruto de uma interação, na qual a criança é sujeito ativo e
para ser um sujeito ativo tem que ser também um sujeito autônomo, consciente
das atividades que desempenha e do conhecimento que constrói.
Para
uma real construção do conhecimento por parte da criança, a instituição
educativa, a escola, deve se preocupar em proporcionar meios e condições para
um aprendizado significativo e ao mesmo tempo autônomo, isso não significa,
porém ser negligente há que tomar cuidado em não confundir esses aspectos.
O
ensino negligente não se assemelha a nenhum aspecto do construtivismo. Todos os
estudos de Piaget se preocuparam, não em montar um manual de técnicas de ensino,
mas em mostrar possibilidades e caminhos para interferências positivas na
construção do conhecimento.
O
professor deve ficar atento para as construções dos alunos, não para corrigi-lo,
mas para acompanhá-lo em suas
dificuldades, a atenção do alfabetizador deve se direcionar para acolher tudo o
que for possível da construção realizada pela criança, intervir com novos
desafios é proporcionar ao aluno o prazer de aprender e de descobrir novas
coisas, pois o conhecimento se constrói na relação entre professor - aluno, a
intervenção é uma ferramenta diária que possibilita os reparos e manutenção da
aprendizagem a cada situação de descoberta.
Na
prática tradicional, a criança sabe ou não sabe, pode ou não pode, erra ou
acerta. Isso acaba se tornando difícil de compreender que a criança está
apresentando uma evolução e que certas coisas são normais, mesmo cometendo
"erros" em relação à escrita correta.
Ao contrário do que se
pensa na prática tradicional
... a concepção
construtivista não é um livro de receitas, mas um conjunto articulado de
princípios em que é possível diagnosticar, julgar e tomar decisões fundamentais
sobre o ensino. Nesse sentido, pode cumprir a função que geralmente tem sido
atribuída aos ‘pensamentos psicopedagógicos’ dos professores, as teorias mais
ou menos explícitas, claras e coerentes por meio das quais podem processar a
informação presente nas situações educativas que administram, para adequá-las
às metas que perseguem. (CÉSAR COLL, 1997, p.10)
Quando
um professor aprende a interpretar as produções de seus alunos, aprende também
a respeitá- lo. Aprende a respeitar essa criança que está mostrando através de
suas produções, seus esforços para compreender e prender o sistema alfabético
de escrita.
O
papel do professor de construção de conhecimento consiste em facilitar a
comunicação entre as crianças, responder as perguntas, propor situações
concretas de escrita e leitura, respeitando a faixa de desenvolvimento em que
está o aluno e provocando conflitos, levando o aluno a pensar.
A
tentativa de conscientizar e de formar educadores que acreditam na mudança se
torna cada vez maior, é necessário que se veja a prática educativa como uma das
mais importantes áreas profissionais, pois está em nossas mãos à formação de um
indivíduo que seja crítico e questionador das ações da sociedade que nos impõe
regras que nem mesmo são contestadas ou até mesmo atendidas.
O chegar a ser consciente implica sempre em uma
reconstrução deste conhecimento em outro nível e cada reconstrução toma tempo,
porque implica em grande esforço cognitivo para superar as perturbações que
devem ser compensadas. (FERREIRO, 1998, p. 15)
É necessário a competência gerada pela
atividade docente. “Competências são
capacidades que se apóiam em conhecimentos..." (Rios, 2006, p.78)
então, podemos entender que a competência está associada a saberes,
capacidades, habilidades e ainda está envolvido em uma visão críticas das ações
e o compromisso com as necessidades do contexto social.
A
mesma se revela na ação do educador, não é o "apenas fazer", pois não
é qualquer fazer que possa ser chamado de competente, mas fazer bem é o domínio
dos saberes e do compromisso consciente.
O
professor que apenas conhece bem o que precisa ensinar, não pode ser
qualificado competente, mas o professor competente pode ser descrito nas dez
competências de Perrenoud (2000), que são elas:
1- Organizar e dirigir
situações de aprendizagem;
2- Administrar a
progressão das aprendizagens;
3- Conhecer e fazer
evoluir os dispositivos de diferenciação;
4- Envolver os alunos em
suas aprendizagens e em seu trabalho;
5- Trabalhar em equipe;
6- Participar da
administração da escola;
7- Informar e envolver os
pais
8- Utilizar novas
tecnologias
9- Enfrentar os deveres e
dilemas éticos da profissão;
10- Administrar sua
própria formação contínua.
A
competência é algo profundo que não se adquire de uma vez, este é um processo
no qual o professor se permite transformar, é conquistado aos poucos com
conscientização, esforço e dedicação do mesmo.
O
educador de hoje deve se preocupar e valorizar a bagagem de aprendizado que
seus alunos possuem experiências vividas que podem enriquecer o conteúdo, basta
trazer a realidade da vida de seus alunos para a sala de aula, facilitando o
desenvolvimento crítico e questionador, de forma construtiva visando o seu
crescimento ético e sua visão de mundo como seu participante na sociedade. Para
que o aluno adquira essas qualidades é preciso que o mundo da palavra seja
presente no seu dia a dia, estimulando sua imaginação e enriquecendo seu
vocabulário.
Paulo
Freire (1996) comenta que o respeito pelo aluno em sua forma de linguagem, sua
curiosidade, é um fato que alguns professores cometem de minimizar o aluno, de
não deixá- lo se expressar, isso é romper com a socialização da criança , neste
momento o professor estará rompendo com a construção da identidade do aluno, no
seu desenvolvimento emocional, motor, seus interesses intelectuais e suas
crises e definições da personalidade. O educador deve se preocupar com seu bem
estar, com estímulos oferecidos que lhes proporcionarão segurança, afetividade,
raciocínio, senso crítico, imaginação e criatividade.
"Saber ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades
para a sua própria produção e construção" (Freire, 1996, p.47). Há
muito tempo acreditava- se que o
conhecimento se dava pelo acumulo de informações depositadas nas crianças, onde
Freire chamou de "educação bancária", o mundo da leitura e da palavra
eram muito distantes dos alunos, o que predominava era a reprodução do que já
estava pronto, eram formados alunos alienados sem pensamento crítico e
questionador. A função do educador é criar situações em que o aluno participe,
crie e dê ideias, deve manter-se disposto a responder perguntas e esclarecer
curiosidades, interagir dentro da palavra escrita e viajar com eles através dos
livros de histórias, proporcionando- lhes momentos de prazer e alegria na
aprendizagem.
A
alfabetização é o abrir das portas para o conhecimento, para a curiosidade,
para a crítica, para a pesquisa, pois "não
há ensino sem pesquisa e pesquisa sem
ensino" (Freire, 1996, p.29). Deve- se acreditar na importância que um
professor pesquisador possui, pois esta prática se torna indispensável para o
educador que acredita na transformação da educação e que deseja que seus alunos
se tornem pesquisadores, Freire ressalta que não é uma qualidade o professor
ser pesquisador, mas sim uma consequência da sua prática docente.
Deve-se
ter sempre na mente e no coração a decência, autoridade, amor, liberdade,
discência, ética, respeito e autonomia na prática docente, para que se possa
ter verdadeiros educadores e formar verdadeiros pesquisadores.
Referências Bibliográficas
COLL, César. O
Construtivismo na Sala de Aula - São Paulo: Ática, 1997
FERREIRO, Emília. Com Todas as
Letras. São Paulo: Cortez, 1998
FERREIRO, Emília. Alfabetização em Processo. São Paulo :
Cortez, 1998
FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana.
Psicogênese da Língua Escrita. 1º Ed. Porto Alegre: Editora Artmed,1999
FREIRE, Paulo. Pedagogia da
Autonomia: Saberes necessários à prática educativa - São Paulo: Paz e
Terra,1996
RIOS, Terezinha
Azerêdo. Compreender e ensinar: por uma docência da melhor qualidade - São
Paulo: Cortez, 2006
PIAGET, Jean,
SZEMINSKA, A. A gênese do número na criança. Rio de Janeiro, Zahar Editores,
1981
Postado por: E.M.S. Neves
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