DISTORÇÃO
IDADE-SÉRIE
FARIAS, Aline da Costa Ferreira, CARVALHO, Ediléia
Ramona Corrêa de Souza, CEGÓVIA, Lucinéia Conceição Braga, SOUZA, Marcia
Aparecida Corrêa
RESUMO
Este
artigo enfoca a necessidade de mostrar a distorção idade série no Ensino Fundamental nas séries iniciais. Perante tal situação é
imprescindível uma tentativa de sanar ou demonstrar a problemática que cercam
tal situação, no contexto da reflexão sobre o processo de ensino aprendizagem,
atenta tanto às características do aluno quanto as características do
professor, já que ambos são "peças-chave" para compreender o contexto
da aprendizagem escolar.
Palavras-chaves: Problemática – Reflexão
-
Ensino aprendizagem – Aluno - Professor
ABSTRACT
This article focuses on the need to show the
distortion in the elementary school age range in the early grades. Faced with
such a situation it is essential an attempt to remedy the problem or
demonstrate that surround this situation in the context of reflection on the
teaching and learning process, given the characteristics of both student and
teacher characteristics, as both are "key parts" to understand the
context of school education.
Keywords: Problem - Reflection - Teaching Learning –
Student - teacher
INTRODUÇÃO
Precisa- se identificar as dificuldades de aprendizagem dos alunos; Verificar o motivo que está levando os alunos à repetência e analisar a existência de dependência espacial nas taxas de distorção idade-série, no Ensino Fundamental. Este artigo está centrado nos pensamentos de teóricos renomados no tema em estudo tais como: Moysés (1995) Aranha (1993), Freire (1990), Topczewski (2000), Demo(1993). Repetência, evasão escolar, indisciplina, falta de proficiência por parte dos professores e alunos, distorção idade-série enfim, todos esses problemas levam ao fracasso escolar. Atualmente a educação brasileira apresenta todas essas mazela. Diante de um quadro de grandes dificuldades, os profissionais de educação buscam soluções para os diversos problemas. Nesse processo, o aluno é bastante prejudicado e por vezes, impossibilitado de dar continuidade nos estudos, o que dificulta a inserção no mundo moderno que privilegia competências e habilidades em vários segmentos.
A
repetência e a evasão escolar, há décadas, vêm sendo problemas que adornaram o
panorama da educação. Pesquisas revelam que na década de 1930, os dados
referentes à repetência e evasão escolar, mostravam altos índices e com o
passar dos anos a situação não demonstrou mudanças. Até hoje esses problemas
fazem parte da realidade escolar, sendo que, são considerado um dos principais
problemas da educação nacional problemas esses que estagnam na distorção
idade-série. O Ministério da Educação
(MEC), em 1997, prega que o Programa de Aceleração da Aprendizagem, de certa
forma, é uma ação emergencial que visa corrigir a distorção do fluxo escolar,
proporcionando assim aos sistemas públicos de ensino municipal e estadual, as
mais diversas condições para combater o fracasso escolar e consequentemente os
aluno que apresentam a distorção idade-série, podem aproveitar essa “ajuda”, de
forma que possam superar as dificuldades relacionadas com o processo de
ensino-aprendizagem.
DESENVOLVIMENTO
De
acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) temos que: “Uma das
consequências mais graves decorrentes das elevadas taxas de repetência
manifesta-se, nitidamente, na acentuada defasagem idade/série”. Sem dúvida,
este é um dos problemas mais graves do quadro educacional do país. Mais de 60%
dos alunos do Ensino Fundamental têm idade superior à faixa etária
correspondente a cada série, e na região Nordeste chega a 80%.
E é
diante desta difícil que a última Lei de Diretrizes e Bases da Educação
incentiva os sistemas de ensino a planejar e desenvolver projetos que possam de
alguma maneira auxiliar o educando na sua trajetória escolar, proporcionando
assim, uma aceleração dos estudos de educandos com distorção idade-série. O
ambiente familiar, o grau de instrução dos pais e adjacentes influenciam no
processo de ensino aprendizagem e podendo assim, o educando apresentar
dificuldades que, quando não sanadas, gera o fracasso escolar. Tal fracasso
escolar está intimamente ligado a esses fatores e as consequências desse fracasso
afetam os valores sociais, afetivos e morais do individuo. É provável que
muitos não consigam superar essas consequências e desistam da escola
definitivamente. Para Patto (1993) “o fracasso da escola pública elementar é o
resultado inevitável de um sistema educacional congenitamente gerador de
obstáculos à realização de seus objetivos”.
Em
suma, o sistema foi constituído de tal forma que é difícil seguir seu desenho
impedindo assim o sucesso do processo educacional que visa o desenvolvimento
pleno de competências em habilidades diversas do educando. Na opinião de Manata
(1998), que de certa forma, relata um pouco da realidade educacional
brasileira, no que diz a respeito ao fracasso escolar que, “os estudos sobre o
fracasso escolar têm demonstrado a complexidade de que se reveste esse fenômeno
e consequentemente, a dificuldade dos órgãos educacionais para resolver o
problema”. A respeito de todos os avanços no sistema educacional brasileiro, a
distorção entre a idade e a série cursada pelos alunos ainda constitui um
grande desafio. Essa realidade ocasiona outros dois problemas persistentes no
sistema educacional brasileiro: as elevadas taxas de abandono e de repetência.
Hodiernamente a educação é um tema bastante discutido e analisado. A conscientização de que a educação é algo que vai além do indivíduo e da escola parece fato comprovado. A educação implica, portanto, numa ação política e se constrói não só pelos professores, mas também pelos alunos, pais, funcionários, enfim, por toda a sociedade. O sistema educacional brasileiro hoje, mais do que nunca, defronta-se com vários desafios que precisam ser encarados com mais firmeza. Desde elevadas taxas de analfabetismo, carências na educação básica, grande número de professores leigos, altos índices de evasão escolar e repetência. Perante esses desafios de tal magnitude precisam mobilizar esforços de todos os setores da sociedade buscando se soluções. Até muito recentemente, a questão da escola limitava-se a uma escolha entre ser tradicional e ser moderna.
Essa tipologia não desapareceu, mas não responde todas as questões atuais da escola. Como são vários os desafios, sem desmerecer a urgência de soluções aos demais problemas enfrentados pelo sistema educacional, chama-se atenção neste trabalho aos vários fatores que levam a evasão nas escolas públicas; à situação atual da educação brasileira a partir da aprovação da nova Leis de Diretrizes Básica e incentivar os profissionais da educação da importância do Projeto Político Pedagógico para a efetivação da educação de qualidade. Desafios estes que se tornam relevantes para a sociedade e a educação como um todo. Hannah Arendt, pensadora do século XX cuja obra trata, sobretudo de filosofia política. No seu livro, Entre o passado e o futuro, em um capítulo, intitulado “A crise na educação” a autora faz uma reflexão sobre a educação. Arendt, diz que “a essência da educação é a natalidade, o fato de que seres nascem para o mundo”.
Hodiernamente a educação é um tema bastante discutido e analisado. A conscientização de que a educação é algo que vai além do indivíduo e da escola parece fato comprovado. A educação implica, portanto, numa ação política e se constrói não só pelos professores, mas também pelos alunos, pais, funcionários, enfim, por toda a sociedade. O sistema educacional brasileiro hoje, mais do que nunca, defronta-se com vários desafios que precisam ser encarados com mais firmeza. Desde elevadas taxas de analfabetismo, carências na educação básica, grande número de professores leigos, altos índices de evasão escolar e repetência. Perante esses desafios de tal magnitude precisam mobilizar esforços de todos os setores da sociedade buscando se soluções. Até muito recentemente, a questão da escola limitava-se a uma escolha entre ser tradicional e ser moderna.
Essa tipologia não desapareceu, mas não responde todas as questões atuais da escola. Como são vários os desafios, sem desmerecer a urgência de soluções aos demais problemas enfrentados pelo sistema educacional, chama-se atenção neste trabalho aos vários fatores que levam a evasão nas escolas públicas; à situação atual da educação brasileira a partir da aprovação da nova Leis de Diretrizes Básica e incentivar os profissionais da educação da importância do Projeto Político Pedagógico para a efetivação da educação de qualidade. Desafios estes que se tornam relevantes para a sociedade e a educação como um todo. Hannah Arendt, pensadora do século XX cuja obra trata, sobretudo de filosofia política. No seu livro, Entre o passado e o futuro, em um capítulo, intitulado “A crise na educação” a autora faz uma reflexão sobre a educação. Arendt, diz que “a essência da educação é a natalidade, o fato de que seres nascem para o mundo”.
Nesse sentido, a educação só existe em benefício de a criança ser um
fato no mundo, pois quando a criança nasce é como um papel em branco e só a
educação do meio pode moldá-la e preencher esses espaços. Esse novo ser, por
consequência, precisa ser introduzido nesse mundo estranho, tarefa que somente
pode ser cumprida pela educação. [...] Em todo caso, esses fatores gerais não
podem explicar a crise [na educação] que nos encontramos presentemente, nem
tampouco justificam as medidas que as precipitam (ARENDT, 2000, p. 229).
A atual prática educacional precisa tomar um novo direcionamento, isto
porque uma dinâmica progressivamente acelerada, e o tempo para esta aquisição é
cada vez urgente. O protótipo educacional exige da escola uma reflexão sobre
seu papel como instituição numa sociedade pós-moderna e pós-industrial,
caracterizada pela globalização da economia, das comunicações, da educação e da
cultura. As rápidas mudanças tecnológicas na sociedade, tanto nas formas de
trabalho quanto na vida doméstica de todos os cidadãos, exigem o uso de métodos
educacionais inovadores que permitam a toda alcançarem o seu potencial pleno. A
educação não pode se distanciar da realidade, é válida hoje em todos os campos
a aprendizagem significativa, para manter o aluno atento ao que se é ensinado e
o docente deve manter permanente reflexão crítica a respeito da educação que
recebe e da que transmite, considerando que a educação pode contribuir para
diminuir as desigualdades sociais, e para melhorar a qualidade de vida dos
indivíduos.
Um olhar para a Distorção Idade-Série
O Brasil apresenta, de forma agravada, algumas características próprias de países em desenvolvimento, entre as quais as enormes desigualdades na distribuição da renda e as imensas deficiências no sistema educacional. Constata-se, deste modo, que esses dois problemas estão obviamente associados. Não é possível, hoje em dia, aumentar substancialmente a renda de adultos sem instrução, nem conseguir educar adequadamente crianças cujas famílias vivem à beira da miséria. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil conta hoje com 32 milhões de crianças em idade escolar, das quais 30,5 milhões frequentam a sala de aula e muitas dela com distorção idade série. Esse dado seria animador se o quadro geral não fosse bem diferente: as escolas públicas, onde estão matriculados 89% dos alunos, são de baixa qualidade.
Sabe-se que o sucesso que muitos países vêm tendo no que se refere a
educação de seu povo deve-se a muitos fatores, entre eles uma política que
concede a educação como prioridade para o seu desenvolvimento. Como exemplo,
cita-se a Coréia, Singapura (países asiáticos) que passaram de situações
educacionais piores que a nossa para níveis próximos das nações ricas e
industrializadas. Em consequência, sua maior eficiência industrial já está
sendo sentida. É válido ressaltar, se comparar os dados da UNESCO, ver que,
enquanto no Japão apenas 1% dos alunos abandonam a escola sem concluir o
correspondente ao primeiro grau – na Malásia temos um índice de 2%; na
Indonésia de 10%; no Uruguai de 14%; na Tailândia de 15%; no México de 22%; na
Colômbia de 27%; no Paquistão de 51%; no Brasil de 82% das crianças largam a
escola antes de chegar à oitavo ano e se decidem voltar então está ai o motivo
da distorção da idade.
Diante do exposto verifica-se que os problemas educacionais do Brasil
não serão resolvidos através da importação de projetos bem sucedidos em outros
países. Ao contrário, torna-se necessário que os dirigentes considerem a
educação como uma necessidade básica para o desenvolvimento do país. Nesta
perspectiva é indispensável a organização de uma política educacional destinada
a propiciar uma educação de qualidade para todos, independente de suas
condições socioeconômica. Isso significa dizer que não se podem adotar medidas
isoladas, tais como: merenda escolar, distribuição de livros didáticos, TV
escola, etc., para amenizar este problema. É imprescindível que a política
educacional tenha como princípio básico o oferecimento de um ensino sério, o
qual exija que a escola conheça o mundo do educando, atentando-o a partir de
suas reais necessidades e diferenças inerentes ao homem enquanto ser
ontológico. Moysés (1995, p. 35) afirma que “o Brasil, como os demais países da
América. Latina, está empenhado em promover reformas na área educacional que
permitam superar o quadro de extrema desvantagem em relação aos índices de
escolarização e de nível de conhecimento que apresentam os países
desenvolvidos”.
De um lado as pesquisas mostram que o Brasil, do ponto de vista
quantitativo, já universalizou o acesso a escola. Mas, de outro lado, com sua
estrutura elitista e discriminadora, não está preparada para atender aos filhos
dos trabalhadores, na medida em que não respeitam as experiências sócio-culturais
destes indivíduos. Assim sendo, vêm expulsando regularmente as crianças do
interior da escola e jogando-as no mundo da marginalidade. A estrutura elitista
existente na escola se materializa através da linguagem, do livro didático, da
dominação simbólica, da representação dos mestres, dos currículos padronizados,
dos métodos de ensino, etc. Mesmo por que, segundo Aranha (1993, p. 40),
“considerando que a escola não exerce necessariamente a violência física, mas
sim a violência mediante forças simbólicas, ou seja, pela doutrinação que força
as pessoas a pensarem e a agirem de determinada forma, sem perceberem que
legitimam com isso a ordem vigente”.
Percebe-se então que a educação brasileira apresenta problemas
extraescolares relacionados à infraestrutura e organização institucional, fruto
de uma indefinição política para operar efetivamente novas mudanças nos pilares
de sustentação das políticas para a educação nacional. Verifica-se, portanto
que apesar de se estar vivendo na era da informática, temos uma grande parcela
da população que permanece excluída do mais elementar dos direito do cidadão:
comunicar-se através dos códigos da leitura e da escrita. O avanço tecnológico
deve caminhar em conjunto com a humanização do homem e da mulher, pois: “Não podemos perder a
batalha do desenvolvimento, assim como, não podemos perder a batalha da
humanização do homem brasileiro.” ( FREIRE, 1990)
O Professor diante da situação: Evasão e Repetência
Escolar
O educador para cumprir suas tarefas deve possuir características fundamentais. Primeiramente ele deve estar comprometido politicamente com sua tarefa de educar. Nesse comprometimento exige que ele tenha consciência da responsabilidade que lhe foi confiada. A medida que o educador compreende a importância social de seu trabalho, seu compromisso cresce. Moysés (1995, p. 29) afirma que nunca é demais insistir na necessidade de se investir na melhor preparação dos educadores da escola pública para atender ao tipo de clientela que a procura. É preciso que os professores se percebam como agentes de mudança; que se comprometam politicamente com a tarefa de ajudar a construir sujeitos sociais críticos e bem-informados. Tais atitudes são, de certa forma, incompatíveis com os improdutivos modelos de ensino e as ultrapassadas concepções de educação presentes nesse tipo de escola. (MOYSÉS 1995, p. 35)
O
profissional comprometido com a educação deve sempre preocupar-se em formar seu
aluno com uma visão crítica da sociedade, dando-lhe oportunidade de expressar
suas ideias, tornando-o um cidadão ativo e participante na vida social,
cultural e política do seu povo. Agindo assim, o professor estará pondo em
prática sua função política, e exercendo sua mais importante atividade
profissional que é facilitar a mediação entre o aluno e a sociedade, através
dos conteúdos a ele ministrados. Para isso, é necessário: “dialogar com a
realidade, inserindo-se nela como sujeito criativo.” (DEMO, 1993, p. 21)
Diante do exposto, o sinal mais indicativo da responsabilidade e
compromisso do professor é seu permanente empenho na instrução e educação dos
seus alunos, dirigindo o ensino e as atividades de estudo, de modo que estes
dominem os conhecimentos básicos e as habilidades, tendo em vista prepará-los para
enfrentar os desafios da vida prática no trabalho e nas lutas sociais pela
democratização da sociedade. E estes fatores podem estar relacionados tanto com
as relações de carência as diferenças culturais e/ou sociais quanto aos fatores
intra-escolares. Topczewski (2000, p. 32), também relata que os reflexos
inerentes às dificuldades escolares interferem em várias atividades cotidianas
e que podem comprometer as relações, sendo elas familiares, culturais ou
emocionais, do indivíduo.
As crianças passam a sofrer uma série de interferências negativas, nos diversos ambientes que frequentam, em várias ocasiões são rejeitadas pelos amigos que as consideram menos capazes e menos inteligentes, o seu progresso escolar e intelectual processa-se de modo ineficiente ou insuficiente; o somatório de fatores interfere, de forma acentuada, no seu estado emocional; uma vez comprometido o seu estado emocional, manifestam-se as alterações comportamentais nas mais variadas formas. E por tudo isso ser verdade, é preciso ter cuidado com a maneira de como lidamos com as crianças, pois tudo o que estas passam, quando do seu processo inicial, acarreta o seu processo de construção do seu dia-a-dia na adolescência e na vida adulta. E estas são muitas das causas que levam os adolescentes e adultos a abandonarem os estudos ou se reprimirem dentro do seu mundo e não se abrirem para o querer aprender.
As crianças passam a sofrer uma série de interferências negativas, nos diversos ambientes que frequentam, em várias ocasiões são rejeitadas pelos amigos que as consideram menos capazes e menos inteligentes, o seu progresso escolar e intelectual processa-se de modo ineficiente ou insuficiente; o somatório de fatores interfere, de forma acentuada, no seu estado emocional; uma vez comprometido o seu estado emocional, manifestam-se as alterações comportamentais nas mais variadas formas. E por tudo isso ser verdade, é preciso ter cuidado com a maneira de como lidamos com as crianças, pois tudo o que estas passam, quando do seu processo inicial, acarreta o seu processo de construção do seu dia-a-dia na adolescência e na vida adulta. E estas são muitas das causas que levam os adolescentes e adultos a abandonarem os estudos ou se reprimirem dentro do seu mundo e não se abrirem para o querer aprender.
A Cultura da Repetência e o Contexto Teórico do Estudo:
Na década de 1980 foram abundantes os estudos e pesquisas mostrando os efeitos perversos e pouco producentes da reprovação. Sérgio Costa Ribeiro, físico e ilustre pesquisador, produziu trabalhos significativos nessa área, denunciando que o acesso, finalmente, conseguido pela população nas escolas públicas era enganoso, pois a soma das taxas de evasão e reprovação continuava tão alta quanto à dos anos de 1950. RIBEIRO, afirmava que a diferença era que, agora, não mais milhares, mas, milhões de alunos eram afastados, anualmente das escolas. Os estudos de RIBEIRO mostram com clareza que a evasão era o sub-produto das múltiplas repetências a que as crianças e jovens eram submetidos. Isso quer dizer, que os seus estudos denunciam que 50% da população escolar evadia-se da escola depois de ter ficado retido de 6 (seis) a 8 (oito) anos, na 2a (segunda) ou 3a (anos) do ensino fundamental.
Além disso, apontavam que de cada 100 (cem) crianças menos de 10 (dez) completavam o ensino fundamental em 8 (oito) anos, como o previsto no sistema educacional brasileiro. Ainda em 1995, mais da metade de todo a população brasileira de 7 (sete) anos era reprovada na 1a.(primeira) série. Nenhum outro país na América Latina apresentava estatísticas tão perversas e alarmantes. Os anos 80 e 90, entretanto, também foram férteis em estudos e pesquisas no campo do rendimento escolar dos alunos associados a um conjunto enorme de variáveis escolares e sócio-econômicas. A exemplo de estudos de pesquisadores como: Ana Maria Poppovic, Bernadete Gatti, Guiomar Namo de Melo, e outros.
As pesquisas com acompanhamento longitudinal de grupos de alunos das escolas públicas mostravam, em São Paulo e em outros Estados do país, que grande parte deles, a cada anos de repetência, desempenhavam-se cada vez pior, no ambiente escolar, em decorrência das situações desestimuladoras a que eram submetidos e da diminuição significativa de sua autoconfiança como aprendiz. A maior parte das pesquisas na área apontava também que fatores como a duração do período escolar, várias mudanças ou falta dos professores num ano escolar, existência de matérias didáticos na sala de aula bem como presença de aulas sistemáticas de recuperação, eram fatores muito mais determinantes no desempenho bem sucedido dos alunos.
O
problema da qualidade é tão sério que os resultados vêm, na sua grande maioria,
para sugerir que a forma como estamos gerindo nossas escolas é ineficaz.
Possuímos sistema educacional de pouca eficácia, que só tem gerado diplomados
sem ou com o mínimo de condições para atuar na sociedade: Resultados indicam
que o concluinte médio do 9º ano domina
os conteúdos esperados de um aluno de 4ºano , e o concluinte médio de 4 ano
mal sabe decodificar as palavras que lê. Ambos são incapazes de ler e
compreender uma notícia de jornal, por exemplo. Consequentemente, a esmagadora
maioria dos concluintes da 8ª série não possui condição acadêmica para cursar
escolas de ensino médio com proveito (OLIVEIRA e SCHWARTZMAN, 2002, p. 25). As
avaliações em larga escala nos dão parâmetros
bem mais efetivos tais como: distorção idade/série, taxas de evasão e
repetência, o nível de conhecimento dos nossos alunos, suas capacidades
cognitivas, caracterização de uma escola efetiva etc. Oliveira e Schwartzman,
ainda continuam: A defasagem idade-série é acentuada, sobretudo nas escolas
públicas, e mais de 25% de alunos de escolas públicas têm mais de 15 anos”.
Uma
pesquisa qualitativa é a mais aconselhável para se ter um quadro multifocal do
processo educacional na sala de aula, com o uso, se for o caso, de uma abordagem
etnográfica como lógica de investigação (GREEN, DIXON & ZAHARLICK, 2005).
A
observação etnográfica vem a ser o segundo referencial teórico que ampara a
pesquisa e, consequentemente, as questões aventadas neste artigo.
Rodrigues-Júnior e Cavalcante (2005) acreditam que os rituais encontrados no
mundo escolar devem ser lidos e interpretados pelos observadores como
verdadeiros textos, que indicam discursos, valores e ideais que reproduzem as
realidades do mundo exterior à escola. De acordo com a metodologia utilizada, a
pesquisa se baseia em um estudo de caso, onde a pesquisa apresenta
características qualitativas sabendo também que o resultado não pode ser
generalizado. Para que a investigação da trajetória desses alunos fosse
realizada de forma que não prejudicasse a confiabilidade da pesquisa, foi
necessário escolher um intervalo de tempo razoável que, no caso, foi do ano
letivo de 2006 até meados de 2010.
Sabendo que o período de análise dos alunos compreende aproximadamente
três anos, é certo que todos eles têm a probabilidade determinarem o Ensino
Fundamental ou no mais tardar, estarem cursando a 8°ano este ano, entretanto
podem existir aqueles alunos que ainda não tenham conseguido um resultado
favorável à que possa amenizar a correção da distorção idade-série. Uma das
características principais dessa coleta de informações foi a análise
documental. Com o apoio da secretaria da escola, foi possível obter diversas
informações, tendo como fonte de pesquisa: diários de classe, ficha individual
dos alunos, ata de resultados finais de aproveitamento.
CONCLUSÃO
Para
concluir, o que se destaca, então, é o problema distorção idade/série, que
segundo Sérgio Costa Ribeiro, centra na prática indiscriminada da repetência
que é de longe conhecido, mas, pouco se alterou desde a década de 40, apesar
dos diferentes governos e políticas públicas aplicadas na área educacional.
Ainda
segundo RIBEIRO, as análises antropológicas até hoje realizadas mostram
claramente na cultura do sistema a imputação do fracasso escolar, ora aos
próprios alunos, ora aos seus pais, ora ao sistema sócio-político, raramente
aos professores, sua formação ou a organização escolar. Ao que parece, a prática da repetência que causa a distorção
idade/série está contida na pedagogia do sistema como um todo.
Através da revisão bibliográfica sobre o assunto a distorção idade série
pode se ter uma visão bem clara que a educação no Brasil apesar de ter uma boa
caminhada em relação à quantidade de escolas para sua demanda, ainda deixa
muito a desejar no que diz respeito à qualidade da educação isto nos diferentes
aspectos.
Um
deles é a questão da distorção idade/série, pois é muito grande a quantidade de
alunos cursando uma série bastante inferior para sua idade. Essa distorção é
fruto da não permanência da criança ou do adolescente na escola e também devido
à repetência do aluno no ano. O que se pode concluir é que a qualidade da
educação escolar brasileira não é nada boa, os alunos estão terminando um curso
superior sem o mínimo de qualificação no que é básico para exercer sua
cidadania: ler e escrever. O que se conclui deste estudo é que, a educação está
longe de alcançar seu objetivo de redução da distorção idade/série.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva,
2000.1414
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Martins, Helena Pires Martins. Filosofando – Introdução à Filosofia. 2 ed. Ver. Atual. São Paulo: Moderna, 1993.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Ensino de 5° a 8° séries. Brasília-DF: MEC, 1998.
CARRAHER, Terezinha. CARRAHER, David. SCHLIEMANN, Ana Lúcia. Na vida dez, na: escola zero. São Paulo: Cortez, 1995.
DUARTE, N. (1996). Educação escolar, teoria do cotidiano e a escola de Vigotski. Campinas, SP: Autores Associados. (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo, v. 55)
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1990.
GREEN, J. L.; CAMILLI, G.; ELMORE, P. B. Handbook of Complementary Methods in Education Research. Mahwah, NJ; London: LEA, 2006.
INEP, Evolução da educação básica no Brasil, Brasília, MEC/INEP, 1997.
MOYSÉS, Lúcia. O desafio de saber ensinar. Papirus. Campinas. 1995.
RODRIGUES-JÚNIOR, A. S.; CAVALCANTE, E. A. A Sala de Aula sob o Olhar Etnográfico. Presença Pedagógica, v. 11, n. 63, p. 49-56
Postado por: E.M.S. Neves
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