DISTORÇÃO IDADE-SÉRIE

FARIAS, Aline da Costa Ferreira, CARVALHO, Ediléia Ramona Corrêa de Souza, CEGÓVIA, Lucinéia Conceição Braga, SOUZA, Marcia Aparecida Corrêa


RESUMO

Este artigo enfoca a necessidade de mostrar a distorção idade série no Ensino Fundamental  nas séries iniciais. Perante tal situação é imprescindível uma tentativa de sanar ou demonstrar a problemática que cercam tal situação, no contexto da reflexão sobre o processo de ensino aprendizagem, atenta tanto às características do aluno quanto as características do professor, já que ambos são "peças-chave" para compreender o contexto da aprendizagem escolar.

Palavras-chaves: Problemática – Reflexão  -  Ensino aprendizagem – Aluno -  Professor

ABSTRACT

This article focuses on the need to show the distortion in the elementary school age range in the early grades. Faced with such a situation it is essential an attempt to remedy the problem or demonstrate that surround this situation in the context of reflection on the teaching and learning process, given the characteristics of both student and teacher characteristics, as both are "key parts" to understand the context of school education.

Keywords: Problem - Reflection - Teaching Learning – Student -  teacher

INTRODUÇÃO



     Precisa- se identificar as dificuldades de aprendizagem dos alunos; Verificar o motivo que está levando os alunos à repetência e analisar a existência de dependência espacial nas taxas de distorção idade-série, no Ensino Fundamental. Este artigo está centrado nos pensamentos de teóricos renomados no tema em estudo tais como: Moysés (1995) Aranha (1993), Freire (1990), Topczewski (2000), Demo(1993). Repetência, evasão escolar, indisciplina, falta de proficiência por parte dos professores e alunos, distorção idade-série enfim, todos esses problemas levam ao fracasso escolar. Atualmente a educação brasileira apresenta todas essas mazela. Diante de um quadro de grandes dificuldades, os profissionais de educação buscam soluções para os diversos problemas. Nesse processo, o aluno é bastante prejudicado e por vezes, impossibilitado de dar continuidade nos estudos, o que dificulta a inserção no mundo moderno que privilegia competências e habilidades em vários segmentos.
       A repetência e a evasão escolar, há décadas, vêm sendo problemas que adornaram o panorama da educação. Pesquisas revelam que na década de 1930, os dados referentes à repetência e evasão escolar, mostravam altos índices e com o passar dos anos a situação não demonstrou mudanças. Até hoje esses problemas fazem parte da realidade escolar, sendo que, são considerado um dos principais problemas da educação nacional problemas esses que estagnam na distorção idade-série.  O Ministério da Educação (MEC), em 1997, prega que o Programa de Aceleração da Aprendizagem, de certa forma, é uma ação emergencial que visa corrigir a distorção do fluxo escolar, proporcionando assim aos sistemas públicos de ensino municipal e estadual, as mais diversas condições para combater o fracasso escolar e consequentemente os aluno que apresentam a distorção idade-série, podem aproveitar essa “ajuda”, de forma que possam superar as dificuldades relacionadas com o processo de ensino-aprendizagem.


                                               DESENVOLVIMENTO


      De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) temos que: “Uma das consequências mais graves decorrentes das elevadas taxas de repetência manifesta-se, nitidamente, na acentuada defasagem idade/série”. Sem dúvida, este é um dos problemas mais graves do quadro educacional do país. Mais de 60% dos alunos do Ensino Fundamental têm idade superior à faixa etária correspondente a cada série, e na região Nordeste chega a 80%.
          E é diante desta difícil que a última Lei de Diretrizes e Bases da Educação incentiva os sistemas de ensino a planejar e desenvolver projetos que possam de alguma maneira auxiliar o educando na sua trajetória escolar, proporcionando assim, uma aceleração dos estudos de educandos com distorção idade-série. O ambiente familiar, o grau de instrução dos pais e adjacentes influenciam no processo de ensino aprendizagem e podendo assim, o educando apresentar dificuldades que, quando não sanadas, gera o fracasso escolar. Tal fracasso escolar está intimamente ligado a esses fatores e as consequências desse fracasso afetam os valores sociais, afetivos e morais do individuo. É provável que muitos não consigam superar essas consequências e desistam da escola definitivamente. Para Patto (1993) “o fracasso da escola pública elementar é o resultado inevitável de um sistema educacional congenitamente gerador de obstáculos à realização de seus objetivos”.
           Em suma, o sistema foi constituído de tal forma que é difícil seguir seu desenho impedindo assim o sucesso do processo educacional que visa o desenvolvimento pleno de competências em habilidades diversas do educando. Na opinião de Manata (1998), que de certa forma, relata um pouco da realidade educacional brasileira, no que diz a respeito ao fracasso escolar que, “os estudos sobre o fracasso escolar têm demonstrado a complexidade de que se reveste esse fenômeno e consequentemente, a dificuldade dos órgãos educacionais para resolver o problema”. A respeito de todos os avanços no sistema educacional brasileiro, a distorção entre a idade e a série cursada pelos alunos ainda constitui um grande desafio. Essa realidade ocasiona outros dois problemas persistentes no sistema educacional brasileiro: as elevadas taxas de abandono e de repetência.
Hodiernamente a educação é um tema bastante discutido e analisado. A conscientização de que a educação é algo que vai além do indivíduo e da escola parece fato comprovado. A educação implica, portanto, numa ação política e se constrói não só pelos professores, mas também pelos alunos, pais, funcionários, enfim, por toda a sociedade. O sistema educacional brasileiro hoje, mais do que nunca, defronta-se com vários desafios que precisam ser encarados com mais firmeza. Desde elevadas taxas de analfabetismo, carências na educação básica, grande número de professores leigos, altos índices de evasão escolar e repetência. Perante esses desafios de tal magnitude precisam mobilizar esforços de todos os setores da sociedade buscando se soluções. Até muito recentemente, a questão da escola limitava-se a uma escolha entre ser tradicional e ser moderna.
              Essa tipologia não desapareceu, mas não responde todas as questões atuais da escola. Como são vários os desafios, sem desmerecer a urgência de soluções aos demais problemas enfrentados pelo sistema educacional, chama-se atenção neste trabalho aos vários fatores que levam a evasão nas escolas públicas; à situação atual da educação brasileira a partir da aprovação da nova Leis de Diretrizes Básica e incentivar os profissionais da educação da importância do Projeto Político Pedagógico para a efetivação da educação de qualidade. Desafios estes que se tornam relevantes para a sociedade e a educação como um todo. Hannah Arendt, pensadora do século XX cuja obra trata, sobretudo de filosofia política. No seu livro, Entre o passado e o futuro, em um capítulo, intitulado “A crise na educação” a autora faz uma reflexão sobre a educação. Arendt, diz que “a essência da educação é a natalidade, o fato de que seres nascem para o mundo”.
              Nesse sentido, a educação só existe em benefício de a criança ser um fato no mundo, pois quando a criança nasce é como um papel em branco e só a educação do meio pode moldá-la e preencher esses espaços. Esse novo ser, por consequência, precisa ser introduzido nesse mundo estranho, tarefa que somente pode ser cumprida pela educação. [...] Em todo caso, esses fatores gerais não podem explicar a crise [na educação] que nos encontramos presentemente, nem tampouco justificam as medidas que as precipitam (ARENDT, 2000, p. 229).
                 A atual prática educacional precisa tomar um novo direcionamento, isto porque uma dinâmica progressivamente acelerada, e o tempo para esta aquisição é cada vez urgente. O protótipo educacional exige da escola uma reflexão sobre seu papel como instituição numa sociedade pós-moderna e pós-industrial, caracterizada pela globalização da economia, das comunicações, da educação e da cultura. As rápidas mudanças tecnológicas na sociedade, tanto nas formas de trabalho quanto na vida doméstica de todos os cidadãos, exigem o uso de métodos educacionais inovadores que permitam a toda alcançarem o seu potencial pleno. A educação não pode se distanciar da realidade, é válida hoje em todos os campos a aprendizagem significativa, para manter o aluno atento ao que se é ensinado e o docente deve manter permanente reflexão crítica a respeito da educação que recebe e da que transmite, considerando que a educação pode contribuir para diminuir as desigualdades sociais, e para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos.


  Um olhar para a Distorção Idade-Série

        O Brasil apresenta, de forma agravada, algumas características próprias de países em desenvolvimento, entre as quais as enormes desigualdades na distribuição da renda e as imensas deficiências no sistema educacional.  Constata-se, deste modo, que esses dois problemas estão obviamente associados. Não é possível, hoje em dia, aumentar substancialmente a renda de adultos sem instrução, nem conseguir educar adequadamente crianças cujas famílias vivem à beira da miséria. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil conta hoje com 32 milhões de crianças em idade escolar, das quais 30,5 milhões frequentam a sala de aula e muitas dela com distorção idade série. Esse dado seria animador se o quadro geral não fosse bem diferente: as escolas públicas, onde estão matriculados 89% dos alunos, são de baixa qualidade.
           Sabe-se que o sucesso que muitos países vêm tendo no que se refere a educação de seu povo deve-se a muitos fatores, entre eles uma política que concede a educação como prioridade para o seu desenvolvimento. Como exemplo, cita-se a Coréia, Singapura (países asiáticos) que passaram de situações educacionais piores que a nossa para níveis próximos das nações ricas e industrializadas. Em consequência, sua maior eficiência industrial já está sendo sentida. É válido ressaltar, se comparar os dados da UNESCO, ver que, enquanto no Japão apenas 1% dos alunos abandonam a escola sem concluir o correspondente ao primeiro grau – na Malásia temos um índice de 2%; na Indonésia de 10%; no Uruguai de 14%; na Tailândia de 15%; no México de 22%; na Colômbia de 27%; no Paquistão de 51%; no Brasil de 82% das crianças largam a escola antes de chegar à oitavo ano e se decidem voltar então está ai o motivo da distorção da idade.
          Diante do exposto verifica-se que os problemas educacionais do Brasil não serão resolvidos através da importação de projetos bem sucedidos em outros países. Ao contrário, torna-se necessário que os dirigentes considerem a educação como uma necessidade básica para o desenvolvimento do país. Nesta perspectiva é indispensável a organização de uma política educacional destinada a propiciar uma educação de qualidade para todos, independente de suas condições socioeconômica. Isso significa dizer que não se podem adotar medidas isoladas, tais como: merenda escolar, distribuição de livros didáticos, TV escola, etc., para amenizar este problema. É imprescindível que a política educacional tenha como princípio básico o oferecimento de um ensino sério, o qual exija que a escola conheça o mundo do educando, atentando-o a partir de suas reais necessidades e diferenças inerentes ao homem enquanto ser ontológico. Moysés (1995, p. 35) afirma que “o Brasil, como os demais países da América. Latina, está empenhado em promover reformas na área educacional que permitam superar o quadro de extrema desvantagem em relação aos índices de escolarização e de nível de conhecimento que apresentam os países desenvolvidos”.
              De um lado as pesquisas mostram que o Brasil, do ponto de vista quantitativo, já universalizou o acesso a escola. Mas, de outro lado, com sua estrutura elitista e discriminadora, não está preparada para atender aos filhos dos trabalhadores, na medida em que não respeitam as experiências sócio-culturais destes indivíduos. Assim sendo, vêm expulsando regularmente as crianças do interior da escola e jogando-as no mundo da marginalidade. A estrutura elitista existente na escola se materializa através da linguagem, do livro didático, da dominação simbólica, da representação dos mestres, dos currículos padronizados, dos métodos de ensino, etc. Mesmo por que, segundo Aranha (1993, p. 40), “considerando que a escola não exerce necessariamente a violência física, mas sim a violência mediante forças simbólicas, ou seja, pela doutrinação que força as pessoas a pensarem e a agirem de determinada forma, sem perceberem que legitimam com isso a ordem vigente”.
           Percebe-se então que a educação brasileira apresenta problemas extraescolares relacionados à infraestrutura e organização institucional, fruto de uma indefinição política para operar efetivamente novas mudanças nos pilares de sustentação das políticas para a educação nacional. Verifica-se, portanto que apesar de se estar vivendo na era da informática, temos uma grande parcela da população que permanece excluída do mais elementar dos direito do cidadão: comunicar-se através dos códigos da leitura e da escrita. O avanço tecnológico deve caminhar em conjunto com a humanização do homem  e da mulher, pois: “Não podemos perder a batalha do desenvolvimento, assim como, não podemos perder a batalha da humanização do homem brasileiro.” ( FREIRE, 1990)

 
O Professor diante da situação: Evasão e Repetência Escolar

       O educador para cumprir suas tarefas deve possuir características fundamentais. Primeiramente ele deve estar comprometido politicamente com sua tarefa de educar. Nesse comprometimento exige que ele tenha consciência da responsabilidade que lhe foi confiada. A medida que o educador compreende a importância social de seu trabalho, seu compromisso cresce. Moysés (1995, p. 29) afirma que nunca é demais insistir na necessidade de se investir na melhor preparação dos educadores da escola pública para atender ao tipo de clientela que a procura. É preciso que os professores se percebam como agentes de mudança; que se comprometam politicamente com a tarefa de ajudar a construir sujeitos sociais críticos e bem-informados. Tais atitudes são, de certa forma, incompatíveis com os improdutivos modelos de ensino e as ultrapassadas concepções de educação presentes nesse tipo de escola. (MOYSÉS 1995, p. 35)
          O profissional comprometido com a educação deve sempre preocupar-se em formar seu aluno com uma visão crítica da sociedade, dando-lhe oportunidade de expressar suas ideias, tornando-o um cidadão ativo e participante na vida social, cultural e política do seu povo. Agindo assim, o professor estará pondo em prática sua função política, e exercendo sua mais importante atividade profissional que é facilitar a mediação entre o aluno e a sociedade, através dos conteúdos a ele ministrados. Para isso, é necessário: “dialogar com a realidade, inserindo-se nela como sujeito criativo.” (DEMO, 1993, p. 21)
         Diante do exposto, o sinal mais indicativo da responsabilidade e compromisso do professor é seu permanente empenho na instrução e educação dos seus alunos, dirigindo o ensino e as atividades de estudo, de modo que estes dominem os conhecimentos básicos e as habilidades, tendo em vista prepará-los para enfrentar os desafios da vida prática no trabalho e nas lutas sociais pela democratização da sociedade. E estes fatores podem estar relacionados tanto com as relações de carência as diferenças culturais e/ou sociais quanto aos fatores intra-escolares. Topczewski (2000, p. 32), também relata que os reflexos inerentes às dificuldades escolares interferem em várias atividades cotidianas e que podem comprometer as relações, sendo elas familiares, culturais ou emocionais, do indivíduo.
              As crianças passam a sofrer uma série de interferências negativas, nos diversos ambientes que frequentam, em várias ocasiões são rejeitadas pelos amigos que as consideram menos capazes e menos inteligentes, o seu progresso escolar e intelectual processa-se de modo ineficiente ou insuficiente; o somatório de fatores interfere, de forma acentuada, no seu estado emocional; uma vez comprometido o seu estado emocional, manifestam-se as alterações comportamentais nas mais variadas formas. E por tudo isso ser verdade, é preciso ter cuidado com a maneira de como lidamos com as crianças, pois tudo o que estas passam, quando do seu processo inicial, acarreta o seu processo de construção do seu dia-a-dia na adolescência e na vida adulta. E estas são muitas das causas que levam os adolescentes e adultos a abandonarem os estudos ou se reprimirem dentro do seu mundo e não se abrirem para o querer aprender.


 A Cultura da Repetência e o Contexto Teórico do Estudo:

      Na década de 1980 foram abundantes os estudos e pesquisas mostrando os efeitos perversos e pouco producentes da reprovação. Sérgio Costa Ribeiro, físico e ilustre pesquisador, produziu trabalhos significativos nessa área, denunciando que o acesso, finalmente, conseguido pela população nas escolas públicas era enganoso, pois a soma das taxas de evasão e reprovação continuava tão alta quanto à dos anos de 1950. RIBEIRO, afirmava que a diferença era que, agora, não mais milhares, mas, milhões de alunos eram afastados, anualmente das escolas. Os estudos de RIBEIRO mostram com clareza que a evasão era o sub-produto das múltiplas repetências a que as crianças e jovens eram submetidos. Isso quer dizer, que os seus estudos denunciam que 50% da população escolar evadia-se da escola depois de ter ficado retido de 6 (seis) a 8 (oito) anos, na 2a (segunda) ou 3a (anos)  do ensino fundamental.
        Além disso, apontavam que de cada 100 (cem) crianças menos de 10 (dez) completavam o ensino fundamental em 8 (oito) anos, como o previsto no sistema educacional brasileiro. Ainda em 1995, mais da metade de todo a população brasileira de 7 (sete) anos era reprovada na 1a.(primeira) série. Nenhum outro país na América Latina apresentava estatísticas tão perversas e alarmantes. Os anos 80 e 90, entretanto, também foram férteis em estudos e pesquisas no campo do rendimento escolar dos alunos associados a um conjunto enorme de variáveis escolares e sócio-econômicas. A exemplo de estudos de pesquisadores como: Ana Maria Poppovic, Bernadete Gatti, Guiomar Namo de Melo, e outros.
          As pesquisas com acompanhamento longitudinal de grupos de alunos das escolas públicas mostravam, em São Paulo e em outros Estados do país, que grande parte deles, a cada anos de repetência, desempenhavam-se cada vez pior, no ambiente escolar, em decorrência das situações desestimuladoras a que eram submetidos e da diminuição significativa de sua autoconfiança como aprendiz. A maior parte das pesquisas na área apontava também que fatores como a duração do período escolar, várias mudanças ou falta dos professores num ano escolar, existência de matérias didáticos na sala de aula bem como presença de aulas sistemáticas de recuperação, eram fatores muito mais determinantes no desempenho bem sucedido dos alunos.
           O problema da qualidade é tão sério que os resultados vêm, na sua grande maioria, para sugerir que a forma como estamos gerindo nossas escolas é ineficaz. Possuímos sistema educacional de pouca eficácia, que só tem gerado diplomados sem ou com o mínimo de condições para atuar na sociedade: Resultados indicam que o concluinte médio do 9º ano  domina os conteúdos esperados de um aluno de 4ºano , e o concluinte médio de 4  ano  mal sabe decodificar as palavras que lê. Ambos são incapazes de ler e compreender uma notícia de jornal, por exemplo. Consequentemente, a esmagadora maioria dos concluintes da 8ª série não possui condição acadêmica para cursar escolas de ensino médio com proveito (OLIVEIRA e SCHWARTZMAN, 2002, p. 25). As avaliações em larga  escala nos dão parâmetros bem mais efetivos tais como: distorção idade/série, taxas de evasão e repetência, o nível de conhecimento dos nossos alunos, suas capacidades cognitivas, caracterização de uma escola efetiva etc. Oliveira e Schwartzman, ainda continuam: A defasagem idade-série é acentuada, sobretudo nas escolas públicas, e mais de 25% de alunos de escolas públicas têm mais de 15 anos”.
        Uma pesquisa qualitativa é a mais aconselhável para se ter um quadro multifocal do processo educacional na sala de aula, com o uso, se for o caso, de uma abordagem etnográfica como lógica de investigação (GREEN, DIXON & ZAHARLICK, 2005).
         A observação etnográfica vem a ser o segundo referencial teórico que ampara a pesquisa e, consequentemente, as questões aventadas neste artigo. Rodrigues-Júnior e Cavalcante (2005) acreditam que os rituais encontrados no mundo escolar devem ser lidos e interpretados pelos observadores como verdadeiros textos, que indicam discursos, valores e ideais que reproduzem as realidades do mundo exterior à escola. De acordo com a metodologia utilizada, a pesquisa se baseia em um estudo de caso, onde a pesquisa apresenta características qualitativas sabendo também que o resultado não pode ser generalizado. Para que a investigação da trajetória desses alunos fosse realizada de forma que não prejudicasse a confiabilidade da pesquisa, foi necessário escolher um intervalo de tempo razoável que, no caso, foi do ano letivo de 2006 até meados de 2010.
          Sabendo que o período de análise dos alunos compreende aproximadamente três anos, é certo que todos eles têm a probabilidade determinarem o Ensino Fundamental ou no mais tardar, estarem cursando a 8°ano este ano, entretanto podem existir aqueles alunos que ainda não tenham conseguido um resultado favorável à que possa amenizar a correção da distorção idade-série. Uma das características principais dessa coleta de informações foi a análise documental. Com o apoio da secretaria da escola, foi possível obter diversas informações, tendo como fonte de pesquisa: diários de classe, ficha individual dos alunos, ata de resultados finais de aproveitamento.


CONCLUSÃO


        Para concluir, o que se destaca, então, é o problema distorção idade/série, que segundo Sérgio Costa Ribeiro, centra na prática indiscriminada da repetência que é de longe conhecido, mas, pouco se alterou desde a década de 40, apesar dos diferentes governos e políticas públicas aplicadas na área educacional.
        Ainda segundo RIBEIRO, as análises antropológicas até hoje realizadas mostram claramente na cultura do sistema a imputação do fracasso escolar, ora aos próprios alunos, ora aos seus pais, ora ao sistema sócio-político, raramente aos professores, sua formação ou a organização escolar.     Ao que parece,  a prática da repetência que causa a distorção idade/série está contida na pedagogia do sistema como um todo.
       Através da revisão bibliográfica sobre o assunto a distorção idade série pode se ter uma visão bem clara que a educação no Brasil apesar de ter uma boa caminhada em relação à quantidade de escolas para sua demanda, ainda deixa muito a desejar no que diz respeito à qualidade da educação isto nos diferentes aspectos.
       Um deles é a questão da distorção idade/série, pois é muito grande a quantidade de alunos cursando uma série bastante inferior para sua idade. Essa distorção é fruto da não permanência da criança ou do adolescente na escola e também devido à repetência do aluno no ano. O que se pode concluir é que a qualidade da educação escolar brasileira não é nada boa, os alunos estão terminando um curso superior sem o mínimo de qualificação no que é básico para exercer sua cidadania: ler e escrever. O que se conclui deste estudo é que, a educação está longe de alcançar seu objetivo de redução da distorção idade/série.




                                                REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  


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Postado por:  E.M.S. Neves





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